Ao longo dos séculos (já contando dois mil anos), a história tem se mantido envolta em um grande mistério e secretismo. Propositadamente, em determinado sentido. Só mesmo os afeitos aos estudos da Antiguidade por essa história incursionam. Refiro-me ao 'caso Apolônio de Tiana', cuja vida guarda tantas semelhanças com a de Jesus Cristo, que há até mesmo quem levante a hipótese de que seriam a mesma pessoa (hipótese, reitero), tendo sido ele (Apolônio) - com a oficialização do cristianismo pelo Império Romano em decadência - 'apagado da história'. Também há, ainda, a tese de que parte dos feitos atribuídos a Jesus são de Apolônio. Realmente, os registros a seu respeito são escassos. Em língua portuguesa, é uma boa notícia, portanto, a publicação do livro Apolônio de Tiana: o Taumaturgo Contemporâneo de Jesus (Editora Zéfiro), de Eduardo Amarante, Dulce Leal Abalada e George Robert Stowe Mead. Reproduzo a seguir uma pequena parte do livro.
Muitos
dos prodígios de Apolónio são
atribuídos a Jesus.
Tantos são os pontos semelhantes entre Apolónio e Jesus
que se torna difícil distinguir o que pertence à esfera da vida
e da doutrina de um e de outro. Em ambos, a vinda à Terra foi
anunciada pelo Espírito Santo.
Há Documentos que referenciam que Apolónio não
tinha ascendentes, porém existem outros relatos que contam que ele era filho de
uma virgem. Tiana foi
a cidade (na Capadócia)
onde iniciou o seu magistério. Era um bom orador, falava com todos, convincente e com profundo magnetismo.
Defendia os injustiçados, não recuava face aos perigos e incutia nos demais o
espírito de bravura e coragem. ”Fora Deus em forma de Homem.”
De
facto, muitos são os milagres atribuídos a Apolónio. À semelhança de Jesus,
tinha o poder da ressurreição dos mortos; da transfiguração; da manipulação dos
elementos e das leis da natureza; em suma, a sua vida está repleta de mitos
como o da denominação Divino Mestre.
De qualquer forma, mito ou não, Apolónio viajou
desde o Egipto até
às fronteiras da China,
onde participou em várias cerimónias iniciáticas. Atendendo ao que alguns exegetas afirmam, é
verosímil que tenha feito o mesmo trajecto que Jesus em
direcção ao Oriente.
Em Nínive,
na Babilónia,
encontrou o seu companheiro Damis que
ser-lhe-ia inseparável. Daí seguiram para a Índia, para o Tibete,
até às colinas dos Himalaias. Aí separou-se de Damis e
seguiu para um mosteiro, onde adquiriu o mais alto grau daquela época. Quando
se juntou a Damis,
seguiu viagem para a Grécia,
onde passou a predicar os seus ensinamentos, à semelhança do que Jesus fizera
na Palestina,
curando doentes do corpo e da alma, paralíticos, cegos. Tal como Jesus, Apolónio pregava
às multidões (muitas delas vinham de locais distantes) que, entusiasmadas, se
juntavam em seu redor para ouvi-Lo.
Depois
do seu desaparecimento (?), foi escrito um livro com a história da sua vida e
uma grande parte dos seus ensinamentos reunidos em forma de evangelho com oito
capítulos. Este livro continha ensinamentos que lhe atribuíam grande poder,
maior do que os quatro evangelistas da época de Jesus.
O seu conteúdo era temível por aqueles elementos que estavam infiltrados no Cristianismo.
A
influência de Apolónio foi
de tal ordem que o Cristianismo primitivo
viu-se na contingência de incorporar grande parte dos seus ensinamentos na
prática. A maior parte do ritual e simbolismo da Igreja tem ab origine Apolónio,
pois Jesus,
como se sabe, não usou nenhum deles publicamente. É credível que quem tenha
feito esta colagem a Apolónio
desconhecesse o real poder mágico dos ritos e símbolos de Apolónio,
mas, ao mesmo tempo, era fundamental que a estrutura da Igreja nascente
fosse coesa, uma vez que já começava a dominar o poder temporal. Porém, esses
símbolos e rituais abusivamente utilizados, para não dizer usurpados, foram
deturpados em relação aos ensinamentos originais de Apolónio,
retirando-se alguns, substituindo-os por outros que lhes eram opostos, como no
caso da utilização do vinho, por exemplo, no ritual da Eucaristia.
Fazendo
um parênteses, é de referir que muitos dos ensinamentos, rituais e símbolos
transmitidos por Apolónio de Tiana foram
utilizados na magia, hermetismo, ocultismo e gnose.
Não
há dúvida de que a vida e os ensinamentos de Apolónio de Tiana tiveram
uma fortíssima influência nos primórdios da Igreja
cristã e,
inclusive, nos Evangelhos.
Hoje, pouco se sabe deste taumaturgo que operava prodígios, curava pessoas e
ressuscitava mortos. Na sua biografia não consta a existência de um homem
semelhante a ele ou qualquer encontro que tenha tido com algum discípulo de Jesus,
mas, inexplicavelmente, os seus seguidores eram cristãos. Não podemos, no
entanto, deixar de sublinhar a existência de um seu discípulo de nome Lucius de Cirena,
ou apenas Lucius,
sendo conhecido comoLucas ou Luke devido
às diferentes línguas em que o seu nome era escrito. Ora, o evangelho de Lucas é
tido como o evangelho mais detalhado sobre Jesus,
o que dá que pensar.
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