quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Universo do desconhecido, história e secretismo: Apolônio e Jesus

Ao longo dos séculos (já contando dois mil anos), a história tem se mantido envolta em um grande mistério e secretismo. Propositadamente, em determinado sentido. Só mesmo os afeitos aos estudos da Antiguidade por essa história incursionam. Refiro-me ao 'caso Apolônio de Tiana', cuja vida guarda tantas semelhanças com a de Jesus Cristo, que há até mesmo quem levante a hipótese de que seriam a mesma pessoa (hipótese, reitero), tendo sido ele (Apolônio) - com  a oficialização do cristianismo pelo Império Romano em decadência - 'apagado da história'. Também há, ainda, a tese de que parte dos feitos atribuídos a Jesus são de Apolônio. Realmente, os registros a seu respeito são escassos. Em língua portuguesa, é uma boa notícia, portanto, a publicação do livro Apolônio de Tiana: o Taumaturgo Contemporâneo de Jesus (Editora Zéfiro), de Eduardo Amarante, Dulce Leal Abalada e George Robert Stowe Mead. Reproduzo a seguir uma pequena parte do livro. 



Muitos dos prodígios de Apolónio são atribuídos a Jesus. Tantos são os pontos semelhantes entre Apolónio e Jesus que se torna difícil distinguir o que pertence à esfera da vida e da doutrina de um e de outro. Em ambos, a vinda à Terra foi anunciada pelo Espírito Santo. Há Documentos que referenciam que Apolónio não tinha ascendentes, porém existem outros relatos que contam que ele era filho de uma virgem. Tiana foi a cidade (na Capadócia) onde iniciou o seu magistério. Era um bom orador, falava com todos,  convincente e com profundo magnetismo. Defendia os injustiçados, não recuava face aos perigos e incutia nos demais o espírito de bravura e coragem. ”Fora Deus em forma de Homem.”
De facto, muitos são os milagres atribuídos a Apolónio. À semelhança de Jesus, tinha o poder da ressurreição dos mortos; da transfiguração; da manipulação dos elementos e das leis da natureza; em suma, a sua vida está repleta de mitos como o da denominação Divino Mestre. De qualquer forma, mito ou não, Apolónio viajou desde o Egipto até às fronteiras da China, onde participou em várias cerimónias iniciáticas.  Atendendo ao que alguns exegetas afirmam, é verosímil que tenha feito o mesmo trajecto que Jesus em direcção ao Oriente. Em Nínive, na Babilónia, encontrou o seu companheiro Damis que ser-lhe-ia inseparável. Daí seguiram para a Índia, para o Tibete, até às colinas dos Himalaias. Aí separou-se de Damis e seguiu para um mosteiro, onde adquiriu o mais alto grau daquela época. Quando se juntou a Damis, seguiu viagem para a Grécia, onde passou a predicar os seus ensinamentos, à semelhança do que Jesus fizera na Palestina, curando doentes do corpo e da alma, paralíticos, cegos. Tal como Jesus, Apolónio pregava às multidões (muitas delas vinham de locais distantes) que, entusiasmadas, se juntavam em seu redor para ouvi-Lo.
Depois do seu desaparecimento (?), foi escrito um livro com a história da sua vida e uma grande parte dos seus ensinamentos reunidos em forma de evangelho com oito capítulos. Este livro continha ensinamentos que lhe atribuíam grande poder, maior do que os quatro evangelistas da época de Jesus. O seu conteúdo era temível por aqueles elementos que estavam infiltrados no Cristianismo.
A influência de Apolónio foi de tal ordem que o Cristianismo primitivo viu-se na contingência de incorporar grande parte dos seus ensinamentos na prática. A maior parte do ritual e simbolismo da Igreja tem ab origine Apolónio, pois Jesus, como se sabe, não usou nenhum deles publicamente. É credível que quem tenha feito esta colagem a Apolónio desconhecesse o real poder mágico dos ritos e símbolos de Apolónio, mas, ao mesmo tempo, era fundamental que a estrutura da Igreja nascente fosse coesa, uma vez que já começava a dominar o poder temporal. Porém, esses símbolos e rituais abusivamente utilizados, para não dizer usurpados, foram deturpados em relação aos ensinamentos originais de Apolónio, retirando-se alguns, substituindo-os por outros que lhes eram opostos, como no caso da utilização do vinho, por exemplo, no ritual da Eucaristia.
Fazendo um parênteses, é de referir que muitos dos ensinamentos, rituais e símbolos transmitidos por Apolónio de Tiana foram utilizados na magia, hermetismo, ocultismo e gnose.
Não há dúvida de que a vida e os ensinamentos de Apolónio de Tiana tiveram uma fortíssima influência nos primórdios da Igreja cristã e, inclusive, nos Evangelhos. Hoje, pouco se sabe deste taumaturgo que operava prodígios, curava pessoas e ressuscitava mortos. Na sua biografia não consta a existência de um homem semelhante a ele ou qualquer encontro que tenha tido com algum discípulo de Jesus, mas, inexplicavelmente, os seus seguidores eram cristãos. Não podemos, no entanto, deixar de sublinhar a existência de um seu discípulo de nome Lucius de Cirena, ou apenas Lucius, sendo conhecido comoLucas ou Luke devido às diferentes línguas em que o seu nome era escrito. Ora, o evangelho de Lucas é tido como o evangelho mais detalhado sobre Jesus, o que dá que pensar.


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