segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Eterno retorno ou a colheita do que se planta

O texto a seguir tem circulado a partir do blog Cookies and Words, mas é tributário de algo que vem de longe. Como da ideia de eterno retorno ou ainda de pensamentos como o do filósofo-poeta estadunidense Max Ehrmann, autor de Desiderata (que teve o seu sentido desconfigurado, no Brasil, pelo "cariz teológico", sobretudo com a interpretado de Cid Moreira - Desiderata passou de 'Das Coisas Desejadas' para 'O Filho do Universo'...). No final das contas, o que está em causa é saber a arte de viver. Olhar e reparar. Por vezes, sair dos caminhos padrões, do que é o habitual, da rotina estabelecida. Olhar, reparar e seguir outras trilhas para o buen vivir, conforme diz o ancestral princípio andino (sumak kawsay: viver em plenitude, não recusar o oferecido pela vida). 




Na vida, você colhe o que planta. E não existe verdade mais plena, mais justa e mais alinhada com as leis do Universo do que esta: não importa o quanto você se compare com o outro, o seu mundo é o seu mundo, de modo que você – e só você – responderá pelo bem ou pelo mal que semeou. Inevitavelmente.

Olhar para o lado e cultivar revoltas a respeito da semeadura do outro não adianta de nada. Porque nada, absolutamente nada, é capaz de quebrar a regra da ação e reação. Quem saberá se a melhor das colheitas não virá justamente após a mais derradeira das tempestades? Quem saberá se o aparente “bem” que o outro colhe agora – e que te causa revolta, por ser indevido, na sua opinião – não representará o início de um novo caminho de dores e sofridas lições?
A vida sabe o que faz. E o tempo presente é “perfeito” do jeitinho que é. Tudo “está certo”, por mais que a gente acredite que, na maioria da vezes, as coisas deveriam ser de uma outra maneira, seguir outro rumo.
É do lado de dentro que a mágica acontece e que residem todas as respostas que você procura. Não se distraia de si e do seu próprio caminho. Não se perca em comparações desnecessárias e que só te trazem sofrimento, porque não estão alinhadas com o agora.
Aprenda a entregar, aceitar, confiar e agradecer, antes mesmo de receber o que tanto deseja. O melhor sempre acontece. De modo que se você não conseguiu o que tanto queria agora, quem saberá dizer se o que te espera não é algo infinitamente mais poderoso?
O que é seu é seu. O que é do outro é do outro. E cada um receberá segundo as suas obras. Nem mais, nem menos.
Não se queixe. Não blasfeme. Apenas faça a sua parte.
Não deixe que o seu comportamento dependa do comportamento do outro. Nem que o seu caráter seja moldado pelas circunstâncias. Não condicione.
É na essência do “eu” que reside a sua paz.
Pode ser que o outro não seja a pessoa que você pensou que fosse e, por causa do seu descuido em criar expectativas, você se decepcione. Faça por ele assim mesmo. Ofereça a sua ajuda assim mesmo.
A deslealdade alheia, a falsidade, a hipocrisia ou o que for não podem ser motivos para que você se transforme em alguém assim. Porque quando a gente escolhe ser a gente mesmo – e cuidar do nosso mundo – essa escolha independe do outro. De quem ele é. Do que ele faz.
Você é você. E, simplesmente por ser você, você deve estar em paz.
Foque na sua vida. No que realmente importa. 
Trate de plantar as suas flores e regar o seu jardim.
A colheita virá. A sua colheita.
O resto é apenas o resto. 

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