segunda-feira, 3 de agosto de 2015

A nova prisão de Zé Dirceu e os equívocos do PT e do Governo

Quase ao acabar de fazer a postagem anterior com uma análise crítica da bomba lançada sobre o Instituto do ex-Presidente Lula (mas dizendo que, quem cometeu ilícito sob o guarda chuva do lulismo, que pague), é anunciada a nova prisão do ex-Ministro José Dirceu - um dos principais arquitetos da chegada do PT ao Governo Federal. Dirceu foi detido nesta segunda-feira juntamente com o seu irmão. Condenando anteriormente no processo do mensalão, após cerca de um ano em regime fechado, estava cumprindo o restante da pena em prisão domiciliar. Caiu novamente, agora com o irmão, na Operação Lava Jato. Quem ler devidamente a conjuntura e trata dos fatos mobilizando as adequadas ferramentas analíticas, sabe muito bem que a prisão de Dirceu na Lava Jato era 'bola cantada'. Não me surpreende. Seja como for, contudo, para a geração libertária de 1968, para a que viveu os embalos políticos e culturais dos saudosos anos 1980, para aquelas e aquelas que hoje estão na casa dos quarenta e viveram a ideia de que 'o paraíso pode ser na terra', a queda de referências de tais idos em casos de corrução, como Dirceu (mesmo não se concordando ele, rejeitando-se sua prática política), é algo um tanto melancólico. Por outro lado, a referida queda é paradigmática dos equívocos cometidos pelo PT, e coloca o Governo numa situação mais difícil ainda. Como já disse neste espaço anteriormente, agosto é imprevisível. Parodiando Potiguar Matos, podemos dizer que, hoje, dia 03, primeiro dia útil do mês, começaram a ser soprados os 'ventos de agosto'. Para onde eles nos levarão é uma incógnita. Aí abaixo, um texto de Kenedy Alencar com um panorama sobre a nova prisão de Zé Dirceu. 


Por Kenedy Alencar

A prisão do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu desgasta ainda mais o PT numa hora em que o partido vive uma crise mais grave do que a do mensalão. Também atinge indiretamente o governo, porque enfraquece o PT no Congresso num momento em que a agenda legislativa será dura para o Palácio do Planalto.
Dirceu foi o principal personagem político do mensalão. Sua prisão na Lava Jato reforça a imagem de um partido que continuou a se corromper mesmo depois de ter sofrido condenações no STF (Supremo Tribunal Federal). Deixa claro que o PT errou ao minimizar a gravidade do mensalão.
Dirceu é um símbolo da chegada do PT ao poder. Ao lado do ex-presidente Lula, foi responsável pela estratégia de guinada do partido ao centro na política e na economia. Foi um ministro muito poderoso. Acabou condenado no mensalão e voltou agora ao centro de um grande escândalo.
Dirceu sempre justificou suas consultorias como um trabalho que realizou de fato. Agora, terá de responder às acusações de que as consultorias foram fruto de propinas na Petrobras.
A nova prisão de Dirceu simboliza, de forma triste, a trajetória do PT no poder. É um retrato da chegada do partido ao Palácio do Planalto, aplicando políticas públicas que mudaram o país, à uma provável saída do poder em 2018 de forma melancólica, por ter se confundido com a corrupção e ser responsável por um governo que levou o país a uma crise política e econômica por arrogância e incompetência.
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A presidente Dilma Rousseff está discutindo uma nova reforma ministerial. De novo, age tardiamente. Sempre reativa, sempre atrasada.
No começo do ano, Dilma dava pito em que dizia que havia espaço para reduzir ministérios e que era necessário dar um sinal de esforço do governo em meio ao ajuste fiscal. Na eleição do ano passado, ela também afirmava que não traria economia a proposta do senador Aécio Neves nesse sentido.
Dilma só está analisando a questão agora por causa da baixa popularidade. Mas antes tarde do que nunca.
A reforma em análise prevê tirar espaço do PT e dar ao PMDB, especialmente ao senador Renan Calheiros, presidente do Senado.
A presidente espera contar com apoio do peemedebista para barrar a rejeição das contas do governo em 2014. Dilma quer apoio de Renan numa última articulação para evitar uma recomendação de reprovação do TCU. Se não der certo, espera contar com o senador para tentar barrar uma rejeição no Congresso.
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Fonte: http://www.blogdokennedy.com.br/prisao-de-dirceu-mostra-que-pt-errou-ao-minimizar-mensalao/

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