A Grécia continua no 'olho do furacão', mas, paradoxalmente, o noticiário a seu respeito refluiu. O racha no Syriza fez surgir, pela esquerda, um novo partido: Unidade Popular (para nós, aqui pela América do Sul, o nome nos faz lembrar imediatamente o Chile). Com a renúncia de Tsipras, novas eleições estão em vista, enquanto, de momento, procura-se formar um novo gabinete - tarefa na qual o partido Nova Democracia já malogrou. O breve informe aí abaixo, de Opera Mundi, faz-nos o ponto da situação da conjuntura grega. Para onde Éolo, deus dos ventos na Grécia Antiga, soprará? Ficamos por saber. O tempo, contudo, está para tempestade.
Éolo
A ala mais à esquerda dentro do Syriza anunciou
a criação de um novo partido chamado Unidade Popular, rompendo com a então
legenda governista da Grécia. A formação ocorre após o primeiro-ministro, Alexis Tsipras,
anunciar eleições
antecipadas e sua renúncia ao cargo.
Com 25 deputados, a legenda será liderada pelo ex-ministro de Energia,
Panagiotis Lafazanis, que defende a volta do dracma como moeda nacional e saiu
do governo em meados de julho, quando Tsipras
remodelou seu gabinete.
Além disso, Lazafanis foi um dos principais críticos às negociações entre Tsipras
e os credores europeus para o terceiro programa de resgate.
O Unidade Popular deriva da corrente tida
como radical do Syriza, a Plataforma de Esquerda, que nesta manhã anunciou que
apresentará sua própria lista para as próximas eleições, que a imprensa grega
especula que acontecerão em 20 de setembro.
"A Plataforma de Esquerda contribuirá à formação de uma frente ampla,
progressista, democrática que participará das eleições para impor o
cancelamento dos memorandos (com os credores)", afirmou o grupo em
comunicado.
Principal força de oposição ao governo Syriza, o presidente do partido
conservador grego Nova Democracia, Vangelis Meimarakis, recebeu o mandato do
presidente grego Prokopis Pavlopoulos, para formar um Executivo, após
Tsipras abrir mão de sua vez, como líder da primeira força.
Se Meimarakis não conseguir constituir um
governo será a vez do Unidade Popular, que com seus 25 deputados passará à
frente do até agora terceiro partido, o neonazista Aurora Dourada, que conta
com 17 assentos no parlamento.
Novas eleições
Nesse panorama, Tsipras ainda pode se lançar candidato novamente com o
intuito de ganhar novo fôlego para governar a Grécia. Entretanto, o impasse
dentro do Syriza abriu uma brecha para a criação do Unidade Popular, que já
representa quase 30% dos membros do Syriza.
Em pronunciamento em rede nacional, o premiê
afirmou que o país passa por uma situação “sem precedentes”. “Em momentos
difíceis, nós devemos nos ater e conquistar o que mais importa: nosso país e
nossa democracia. Obrigado, Grécia".
A decisão veio poucas horas após o MEE (Mecanismo Europeu de Estabilidade) dar
sinal verde ao desembolso inicial de 23 bilhões de euros a
Atenas, possibilitando o governo grego a pagar uma dívida no valor de 3,4
bilhões de euros ao BCE (Banco Central Europeu).
Com o anúncio do premiê, esta será a segunda eleição do ano para os gregos. Em 25
de janeiro, o Syriza venceu a disputa com 36% dos votos. Como a legenda ficou a
apenas duas cadeiras da maioria absoluta no parlamento (149 dos 300 assentos),
ela se aliou aos Gregos Independentes, legenda da direita nacionalista, para conseguir
formar uma coalizão antiausteridade.
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