domingo, 23 de agosto de 2015

Para onde sopra Éolo? Ventos gregos

A Grécia continua no 'olho do furacão', mas, paradoxalmente, o noticiário a seu respeito refluiu. O racha no Syriza fez surgir, pela esquerda, um novo partido: Unidade Popular (para nós, aqui pela América do Sul, o nome nos faz lembrar imediatamente o Chile). Com a renúncia de Tsipras, novas eleições estão em vista, enquanto, de momento, procura-se formar um novo gabinete - tarefa na qual o partido Nova Democracia já malogrou. O breve informe aí abaixo, de Opera Mundi, faz-nos o ponto da situação da conjuntura grega. Para onde Éolo,  deus dos ventos na Grécia Antiga, soprará? Ficamos  por saber. O tempo, contudo, está para tempestade. 

Éolo 

A ala mais à esquerda dentro do Syriza anunciou a criação de um novo partido chamado Unidade Popular, rompendo com a então legenda governista da Grécia. A formação ocorre  após o primeiro-ministro, Alexis Tsipras, anunciar eleições antecipadas e sua renúncia ao cargo.

Com 25 deputados, a legenda será liderada pelo ex-ministro de Energia, Panagiotis Lafazanis, que defende a volta do dracma como moeda nacional e saiu do governo em meados de julho, quando Tsipras remodelou seu gabinete. Além disso, Lazafanis foi um dos principais críticos às negociações entre Tsipras e os credores europeus para o terceiro programa de resgate.
O Unidade Popular deriva da corrente tida como radical do Syriza, a Plataforma de Esquerda, que nesta manhã anunciou que apresentará sua própria lista para as próximas eleições, que a imprensa grega especula que acontecerão em 20 de setembro.

"A Plataforma de Esquerda contribuirá à formação de uma frente ampla, progressista, democrática que participará das eleições para impor o cancelamento dos memorandos (com os credores)", afirmou o grupo em comunicado.
Principal força de oposição ao governo Syriza, o presidente do partido conservador grego Nova Democracia, Vangelis Meimarakis, recebeu o mandato do presidente  grego Prokopis Pavlopoulos, para formar um Executivo, após Tsipras abrir mão de sua vez, como líder da primeira força.

Se Meimarakis não conseguir constituir um governo será a vez do Unidade Popular, que com seus 25 deputados passará à frente do até agora terceiro partido, o neonazista Aurora Dourada, que conta com 17 assentos no parlamento.


Novas eleições
Nesse panorama, Tsipras ainda  pode se lançar candidato novamente com o intuito de ganhar novo fôlego para governar a Grécia. Entretanto, o impasse dentro do Syriza abriu uma brecha para a criação do Unidade Popular, que já representa quase 30% dos membros do Syriza.

Em pronunciamento em rede nacional, o premiê afirmou que o país passa por uma situação “sem precedentes”. “Em momentos difíceis, nós devemos nos ater e conquistar o que mais importa: nosso país e nossa democracia. Obrigado, Grécia".  

A decisão veio poucas horas após o MEE (Mecanismo Europeu de Estabilidade) dar sinal verde ao desembolso inicial de 23 bilhões de euros a Atenas, possibilitando o governo grego a pagar uma dívida no valor de 3,4 bilhões de euros ao BCE (Banco Central Europeu).
Com o anúncio do premiê, esta será a segunda eleição do ano para os gregos. Em 25 de janeiro, o Syriza venceu a disputa com 36% dos votos. Como a legenda ficou a apenas duas cadeiras da maioria absoluta no parlamento (149 dos 300 assentos), ela se aliou aos Gregos Independentes, legenda da direita nacionalista, para conseguir formar uma coalizão antiausteridade.

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