Por Bernardo Mello Franco
Às
vésperas das novas manifestações contra o governo, Dilma Rousseff encerra a
semana com dois trunfos: a reaproximação de Renan Calheiros e a demonstração de
apoio dos movimentos sociais.
As adesões tiraram a presidente do isolamento
dramático em que se encontrava. No entanto, tudo indica que ela não terá como
agradar todos os socorristas ao mesmo tempo.
A operação resgate começou com o presidente
do Senado, que torpedeava o Planalto desde o início do ano. Ele acenou com a
bandeira branca, mas usou a outra mão para apresentar a conta: uma pauta que já
provoca calafrios na base petista.
Sua "Agenda Brasil" agrada a
diversos lobbies empresariais e enfileira ameaças ao SUS, às terras indígenas e
até ao Mercosul. É um programa mais neoliberal do que qualquer partido de
oposição seria capaz de empunhar. Só faltou sugerir a privatização da
Petrobras.
Dilma recebeu tudo com sorrisos. Elogiou
Renan, disse que suas ideias são "bem-vindas" e definiu a pauta como
uma "agenda positiva".
Em outra frente, movimentos sociais que
sempre apoiaram o PT marcharam até Brasília para mostrar que continuam ao lado
do governo. Chamaram a oposição de golpista e ofereceram suas tropas para
defender o mandato presidencial.
"Isso implica ir para a rua
entrincheirados, com arma na mão", radicalizou o presidente da CUT, Vagner
Freitas, em solenidade nesta quinta no Palácio do Planalto.
No mesmo ato, a militância apresentou sua
fatura: o fim do ajuste fiscal e a demissão do ministro da Fazenda. O líder do
MTST, Guilherme Boulos, disse que a saída é "com o povo e pela
esquerda". A plateia respondeu com um coro de "Fora Levy".
Mais uma vez, Dilma agradeceu a todos e
sorriu. Ela sabe que não tem como conciliar os interesses de Renan e Boulos,
mas sua única e urgente prioridade é mostrar que não está sozinha. Os
conflitos, inevitáveis, terão que ficar para depois.
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Fonte: Folha de São Paulo, versão para assinantes, edição do dia 14/08/2015.
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