quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Gazel do amor que não se deixa ver

A História da Arte proporciona-nos o benefício de lembrar o que, nesse contexto, não deve ser esquecido. Pois bem, vive-se por este mês os 79 anos do desaparecimento do poeta e dramaturgo espanhol Frederico García Lorca,  assassinado pelos fascistas em 19 de agosto de 1936 durante a Guerra Civil Espanhola. Autor de uma vasta obra, com algumas incursões pelo surrealismo, Lorca é um típico autor dos 'imprevistos da vida' e da 'recusa a um modo único de existir'. Ele próprio era expressão disso. Em sua memória, reproduzo a seguir o seu 'Gazel do amor que não se deixa ver', pelo que então "não se sabe" o corpo de quem era. 


Lorca: tristeza e alegria na alma como chuva serena 

Por Frederico García Lorca 

Somente por ouvir 

o sino da Vela 
pus em ti uma coroa de verbena. 



Granada era uma lua 
afogada entre as heras. 



Somente por ouvir 
o sino da Vela 
destrocei meu jardim de Cartagena. 



Granada era uma corça 
rosada pelos cataventos. 



Somente por ouvir 
o sino da Vela 
me abrasava em teu corpo 
sem saber de quem era. 

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