domingo, 5 de julho de 2015

O que a poesia salva

Anote aí o nome dela, porque, no mundo literário, ainda se ouvirá falar muito a seu respeito. É a jovem portuguesa Matilde Campilho, com pés em Lisboa e no Rio de Janeiro, alternando os dois sotaques, e que tem sido o destaque deste ano da Feira Literária Internacional de Paraty. Diz que a poesia há sempre de salvar alguma coisa, nem que seja só o minuto. A seguir, o seu 'Desmembramento de um Semicírculo' e o vídeo poema Eça de Queirós, modalidade através da qual começou a divulgar o seu trabalho. 

Desmembramento de um semicírculo
(Por Matilde Campilho)

Certo que nos dedicamos
a místicas peregrinações.
Exercitamos a respiração,
lutamos brigas orientais,
praticamos uma e sete vezes
a tradução do poema chileno.
Mas no fundo sabemos
que o que importa mesmo
é roçar a superfície negra
da pele do peito do anjo
que está vivo
que não dorme.




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