sexta-feira, 24 de julho de 2015

Não Ser

Ou o esvanecer ontológico. 



Por Florbela Espanca 

Ah! arrancar às carnes laceradas 
Seu mísero segredo de consciência! 
Ah! poder ser apenas florescência 
De astros em puras noites deslumbradas! 

Ser nostálgico choupo ao entardecer, 
De ramos graves, plácidos, absortos 
Na mágica tarefa de viver! 

Ser haste, seiva, ramaria inquieta, 
Erguer ao sol o coração dos mortos 
Na urna de oiro duma flor aberta!... 



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