Por César Benjamin
Recebo o resultado do
plebiscito na Grécia com uma mistura de alegria, preocupação e tristeza.
Alegria pela vitória do
não. Os gregos recuperaram o que é essencial, a soberania. Estão de parabéns.
Preocupação porque o
país deverá enfrentar um agravamento da crise no curto prazo, mas com melhores
condições de sair dela adiante. É assim que os povos fazem história.
A história não protege
povos medrosos.
Tristeza pelo Brasil.
A liderança da esquerda
grega dialogou com a sociedade, esclareceu as alternativas e as dificuldades,
abriu um grande debate nacional – sem segurança de obter a vitória, pois o
resultado da consulta era uma incógnita – e colocou o povo na condição de
protagonista. Merece o nosso respeito.
Não lembro que nada
disso tenha ocorrido no Brasil, nem uma só vez, decorridos mais de doze anos de
governos supostamente de esquerda. Ao contrário. A governabilidade, aqui, foi
construída por meio do loteamento fisiológico do Estado, um convite à corrupção
sistêmica, e pela formação de uma gigantesca clientela de gente acomodada na
pobreza, mas agradecida por receber do governo R$ 120,00 por mês.
O resultado está aí.
Hoje, enquanto os líderes da esquerda grega confraternizam com seu povo, que
amadureceu, os líderes da esquerda brasileira temem ser presos, a qualquer
momento, por corrupção. Estão milionários, mas suas “consultorias”, suas
“palestras” e suas contas no exterior os denunciam.
A menos de alguns
candidatos a “camisas pardas”, que serão enxotados, ninguém se mobilizará para
defendê-los. A sociedade que ajudaram a construir, enquanto enriqueciam, é
muito mais conservadora do que a de doze anos atrás.
Lutei contra isso e
perdi.
Tristeza pelo Brasil.
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