domingo, 5 de julho de 2015

Grécia, Brasil, coagem e tristeza

Por César Benjamin

Recebo o resultado do plebiscito na Grécia com uma mistura de alegria, preocupação e tristeza.
Alegria pela vitória do não. Os gregos recuperaram o que é essencial, a soberania. Estão de parabéns.
Preocupação porque o país deverá enfrentar um agravamento da crise no curto prazo, mas com melhores condições de sair dela adiante. É assim que os povos fazem história.
A história não protege povos medrosos.
Tristeza pelo Brasil.
A liderança da esquerda grega dialogou com a sociedade, esclareceu as alternativas e as dificuldades, abriu um grande debate nacional – sem segurança de obter a vitória, pois o resultado da consulta era uma incógnita – e colocou o povo na condição de protagonista. Merece o nosso respeito.
Não lembro que nada disso tenha ocorrido no Brasil, nem uma só vez, decorridos mais de doze anos de governos supostamente de esquerda. Ao contrário. A governabilidade, aqui, foi construída por meio do loteamento fisiológico do Estado, um convite à corrupção sistêmica, e pela formação de uma gigantesca clientela de gente acomodada na pobreza, mas agradecida por receber do governo R$ 120,00 por mês.
O resultado está aí. Hoje, enquanto os líderes da esquerda grega confraternizam com seu povo, que amadureceu, os líderes da esquerda brasileira temem ser presos, a qualquer momento, por corrupção. Estão milionários, mas suas “consultorias”, suas “palestras” e suas contas no exterior os denunciam.
A menos de alguns candidatos a “camisas pardas”, que serão enxotados, ninguém se mobilizará para defendê-los. A sociedade que ajudaram a construir, enquanto enriqueciam, é muito mais conservadora do que a de doze anos atrás.
Lutei contra isso e perdi.
Tristeza pelo Brasil.


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