Afirmava Tolstói que, para ser universal, deve-se começar
por pintar a própria aldeia. Pois bem, as transformações pelais quais o
Nordeste brasileiro tem passado nos últimos tempos – nos planos econômico e social – têm sido acompanhadas também de uma intensa
pujança cultural, seja em decorrência de políticas públicas, seja em função do
acesso a bens culturais por parte de uma parcela da população que até então não
tinha essa possibilidade, seja ainda como resultado da ampliação da presença
das universidades, com elas chegando, por exemplo, com extensão, graduações e pós-graduações pelo
interior afora. E assim do chão nordestino vão surgindo obras revestidas com
uma estética cosmopolita e que, portanto, bebem no universal. Essa é a
impressão que me calha ao tomar conhecimento do livro ‘Trilhas do Imaginário
Poético’, do potiguar Manoel Guilherme de Freitas. Homem das letras, com
mestrado na área, no encanto das serras potiguares, da sua Pau dos Ferros, faz
vir a lume trilhas poéticas onde podem ser encontrados rastros de uma
literatura introspectiva. Versando sobre temas como amor, política e cidadania,
no centro da prosa poética de Manoel Guilherme, está a inquietação da indagação
ontológica, a reflexão ético-estética da
existência e o anúncio do que não assimila: a renúncia. Qualquer coisa que,
como já escrevi algures sobre a obra de Walter
Benjamin, nos faz sentir como a criança que vislumbra, pelas frestas da porta,
as luzes da árvore de Natal. Há esperança. Razões, portanto, não faltam para a leitura de
‘Trilhas do Imaginário Poético’.
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