domingo, 12 de julho de 2015

Nas 'Trilhas do Imaginário Poético', os rastros de uma literatura introspectiva


Afirmava Tolstói que, para ser universal, deve-se começar por pintar a própria aldeia. Pois bem, as transformações pelais quais o Nordeste brasileiro tem passado nos últimos tempos – nos planos econômico e social  – têm sido acompanhadas também de uma intensa pujança cultural, seja em decorrência de políticas públicas, seja em função do acesso a bens culturais por parte de uma parcela da população que até então não tinha essa possibilidade, seja ainda como resultado da ampliação da presença das universidades, com elas chegando, por exemplo, com  extensão, graduações e pós-graduações pelo interior afora. E assim do chão nordestino vão surgindo obras revestidas com uma estética cosmopolita e que, portanto, bebem no universal. Essa é a impressão que me calha ao tomar conhecimento do livro ‘Trilhas do Imaginário Poético’, do potiguar Manoel Guilherme de Freitas. Homem das letras, com mestrado na área, no encanto das serras potiguares, da sua Pau dos Ferros, faz vir a lume trilhas poéticas onde podem ser encontrados rastros de uma literatura introspectiva. Versando sobre temas como amor, política e cidadania, no centro da prosa poética de Manoel Guilherme, está a inquietação da indagação ontológica,  a reflexão ético-estética da existência e o anúncio do que não assimila: a renúncia. Qualquer coisa que, como já escrevi algures sobre a obra de Walter Benjamin, nos faz sentir como a criança que vislumbra, pelas frestas da porta, as luzes da árvore de Natal. Há esperança. Razões, portanto, não faltam para a leitura de ‘Trilhas do Imaginário Poético’.


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