segunda-feira, 20 de julho de 2015

Amigos

Por Agostinho de Hipona (in As Confissões): 

“Toda sorte de prazeres rejubilava minha alma na companhia deles: conversar e rir; prestar obséquios uns aos outros, com amabilidade; ler em conjunto livros deleitosos; passar do mais leve gracejo à conversa sobre o que havia de mais profundo, e vice-versa; divergir sem rancor, como um homem discordaria de si mesmo, e, nas raríssimas ocasiões em que surgia a discórdia, julgar ainda mais doce a nossa harmonia usual; ensinar e aprender reciprocamente qualquer coisa; aguardar com impaciência a volta dos ausentes e acolhê-los com alegria em sua chegada. Estes e outros sinais similares, procedendo de nossos corações no dar e receber afeição, e manifestos no rosto, na voz, nos olhos e em mil gestos cheios de prazer, alimentavam uma centelha que nos fundia as próprias almas e, de muitos, fazia um só.”

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