sábado, 18 de julho de 2015

O Inverno que nos acolhe

Sou pelo Inverno, desde nascença. Encantado por essa estação do ano, Vinicius de Moraes apertou a pena e fez vir a lume o soneto Inverno.

Agreste pernambucano sob o inverno - Gravatá 


Por Vinicius de Moraes 

Inverno, doce inverno das manhãs 
Translúcidas, tardias e distantes 
Propício ao sentimento das irmãs 
E ao mistério da carne dos amantes: 

Quem és, que transfiguras as maçãs 
Em iluminações dessemelhantes 
E enlouqueces as rosas temporãs 
Rosa-dos-ventos, rosa dos instantes? 

Por que ruflaste as tremulantes asas 
Alma do céu? o amor das coisas várias 
Fez-te migrar - inverno sobre casas! 

Anjo tutelar das luminárias 
Preservador de santas e de estrelas... 
Que importa a noite lúgubre escondê-las?

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