Já há tempos dispomos na produção científica internacional (sobretudo na bibliografia de língua inglesa) de consistentes ferramentas analíticas para a abordagem dos 'micro-aspectos' da vida em sociedade, dentre estes, os costumes (a abordagem do historiador Eric Hobsbawm a este respeito é paradigmática), os casamentos e o fenômeno do ciúme. Neste último caso, é de se saudar a reedição do livro clássico Jealousy (ciúme), antologia coordenada por Gordon Clanton e Lynn G. Smith. Claton, da San Diego State University (EUA), aliás, tornou-se conhecido por sistematizar uma perspectiva da análise social sobre a questão do ciúme. O enfoque aqui em tela diferencia-se do self-help vulgar e das abordagens eivadas de senso comum, evidenciando o jogo da ação social nas manifestações de ciúme. Qualquer coisa do tipo ciúme em cena e encenado. Neste último caso, o jogo da ação social diz respeito a fazer cena de ciúme para provocar o/a parceiro/a. O resultado disso, contudo, inferem os pesquisadores, tem tudo para ser desastroso, sendo habitual, nestes casos, a decisão de afastamento da parte provocada, o atrofiamento do eventual sentimento ou o troco 'para além da mesma moeda'. Podem existir exceções (aceitar-se conviver com a encenação de ciúme), mas, assinala-se, assim não se constroem relações sadias - logo, não há futuro. Quer-se dizer, enfim, que os sentimentos se constroem pela genuína marcha do tempo. Além do referido livro, coordenado por Gordon Clanton e Lynn Smith, é de se referir ainda outro paper do primeiro que também é referência na abordagem do ciúme - trata-se do 'A Sociology of Jealousy', publicado pelo International Journal of Sociology and Social Policy, vol. 16(9-10), p. 171-189. Pode ser acessado (mediante pagamento) por aqui: http://dx.doi.org/10.1108/eb013274.
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