quarta-feira, 22 de julho de 2015

Governo, crise e eleições: números, cenários e futuro




Há muitas inferências a serem tiradas da série estatística das últimas pesquisas sobre o Governo da Presidente Dilma (Datafolha, Ibope, CNT/MDA), assim como em relação a uma eventual eleição presidencial. Destaco, por agora, apenas algumas, sobretudo tendo em conta os dados do levantamento da CNT/MDA divulgados ontem. Ei-las: 

1) Ao chegar aos 70% de rejeição, com ruim ou péssimo, tendo a aprovação de apenas 8% da população, o Governo terá atingido o fundo do poço? Ou ainda lá não se chegou? Ao cabo do próximo mês,  teremos evidências empíricas para responder essa questão. 

2) Em todas as classes sociais e regiões do país a insatisfação é grande com o Governo. Cai por terra, portanto, pelo menos nesse momento, o discurso de que o 'Governo do PT representa os pobres', bem como o de que o 'Nordeste é um bastião petista'. Isso pode ser conferido nos números aí abaixo. 




3) O capital político-eleitoral do ex-Presidente Lula está deteriorado: ele perderia, hoje, em todos os cenários para um candidato do PSDB - Aécio, Serra ou Alckmin. Aqui, se algum alento resta é o de que, no Nordeste, o ex-Presidente ainda conseguira vencer Aécio, mas não com a folga de outros tempos, conforme pode ser conferido na tabela a seguir.

 

4) Um certo alento também para a Presidente Dilma, sé é que é possível alento com uma eventual desgraça alheia: cerca de 47% da população entendem que, caso Aécio tivesse sido eleito, a situação estaria igual ou pior; 44,8% dizem que estaria melhor, ou seja, um percentual inferior ao que ele obteve no segundo turno. 

Frente ao quadro, o ex-Presidente Lula passou a recomendar duas (re)ações, no mínimo duvidosas, do ponto de vista do efeito: orientar as diretrizes econômicas novamente para o consumo e  o endividamento das famílias e reeditar a polarização PT x PSDB.  Num quadro de inflação em alta e de contas públicas desorganizadas, o primeiro conselho é, quanto mais não seja, uma temeridade. Quanto ao segundo, não fica por menos. Além desse discuso apresentar sinais de esgotamento, convém ter em atenção que quem tem segurado os radicais do PSDB, os chamados 'cabeças pretas' (a nova geração do partido, que tem Aécio como referência) são tucanos paulistas da época da fundação do partido, como José Serra e o ex-Presidente Fernando Cardoso (chamados, internamente, de 'cabeças brancas') . Se não fosse o freio deles, a formalização do pedido de impeachment da Presidente Dilma já teria avançado. A tática lulista de açular o PSDB, portanto, pode ter efeito indesejado. 

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