Por Viviane Mendes
Qual é a relação existente entre o assassino de John Lennon e a
tentativa de homicídio do ex-presidente americano Ronald Reagen com o escritor
norte-americano David Jerome Salinger? A obra "O Apanhador no Campo de
Centeio".
Primeiro e único romance publicado em 1951 pelo autor e um dos
best-sellers mais lidos do mundo, "O Apanhador no Campo de Centeio"
relata a vida de Calvin Holden, um garoto de 17 anos, que após ter sido expulso
do internato Pencey por mau comportamento, notas baixas e reprovação, retorna a
casa dos pais antes do tempo e decide dar uma volta pelas ruas de New York a
fim de adiar a notícia à família. A narrativa é intimista e de linguagem
coloquial. Segue com algumas divagações do personagem em relação a si mesmo e
ao seu futuro. Muitas vezes é sobressaltado por dúvidas e conflitos. Por essa
razão, procura algumas pessoas importantes como o seu professor Spencer, sua
antiga namorada Sally e sua irmã mais nova, Phoebe.
Voltando à indagação proposta acima, a obra já foi motivo de polêmicas
como o assassinato do John Lennon, em virtude do Mark David Chapmam achar que
era um pacifista hipócrita. O livro também foi motivo de inspiração para o John
Hinckley Jr.
Salinger também publicou contos em revistas famosas como Cosmopolitan e
The New Yorker. O livro "Nove Estórias" (1953) reúne nove contos no
qual o autor trata sobre a família Glass. Buddy Glass, um dos personagens da
obra, é quem mais se aproxima da realidade do Salinger, após optar em ficar
quatro décadas recluso e sem contato social, fato que aconteceu em 1954,
decidindo-se mudar para uma casa em Cornish, New Hampshire.
Em uma das poucas entrevistas cedidas ao The New York Times, em [19]74,
disse gostar muito de escrever, entretanto para si mesmo e por prazer. Depois
foram lançados "Franny" e "Carpinteiros, Levantem Bem Alto a
Cumeeira" (1955), "Zooey" (1957), "Seymour, uma
Apresentação" (1959), tendo o último escrito publicado "Hapworth 10,
1924" em 1965.
Recentemente descobriram um suposto testamento no qual Salinger
alegou a produção de cinco livros. A biografia "Salinger", escrita
pelo cineasta Shane Salerno e pelo escritor David Shields, foi lançada três
dias antes da estreia do seu documentário, 6 de setembro, nos Estados Unidos e
reúne entrevistas, fotografias, depoimentos de pessoas próximas, cartas e
diários.
Salinger era reservado e avesso à exposição de holofotes. Gostava das
suas obras livres de todo arquétipo de marketing. Quando a primeira edição do
"O Apanhador no Campo de Centeio" foi publicada, Salinger passou
alguns meses na Inglaterra para evitar presenciar a repercussão do livro.
Chegou até a ordenar o editor-chefe, Agnus Cameron, a não divulgar à imprensa e
tirar sua foto da orelha. Ele também não gostava das adaptações
cinematográficas de suas obras, mas autorizou a filmagem de My Foolish Heart,
de 1949, [porém] acabou detestando o resultado e nunca mais vendeu seus
direitos autorais para o cinema.
Conferir o trailer do documentário abaixo:
Talvez, quem sabe, se ainda estivesse vivo,
Salinger mudaria sua opinião em relação ao cinema (ou não).
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Fonte: http://lounge.obviousmag.org/
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