domingo, 8 de novembro de 2015

O homem que escrevia para si mesmo ou 'O Apanhador no Campo de Centeio'

Por Viviane Mendes 

Qual é a relação existente entre o assassino de John Lennon e a tentativa de homicídio do ex-presidente americano Ronald Reagen com o escritor norte-americano David Jerome Salinger? A obra "O Apanhador no Campo de Centeio".
Primeiro e único romance publicado em 1951 pelo autor e um dos best-sellers mais lidos do mundo, "O Apanhador no Campo de Centeio" relata a vida de Calvin Holden, um garoto de 17 anos, que após ter sido expulso do internato Pencey por mau comportamento, notas baixas e reprovação, retorna a casa dos pais antes do tempo e decide dar uma volta pelas ruas de New York a fim de adiar a notícia à família. A narrativa é intimista e de linguagem coloquial. Segue com algumas divagações do personagem em relação a si mesmo e ao seu futuro. Muitas vezes é sobressaltado por dúvidas e conflitos. Por essa razão, procura algumas pessoas importantes como o seu professor Spencer, sua antiga namorada Sally e sua irmã mais nova, Phoebe.
Voltando à indagação proposta acima, a obra já foi motivo de polêmicas como o assassinato do John Lennon, em virtude do Mark David Chapmam achar que era um pacifista hipócrita. O livro também foi motivo de inspiração para o John Hinckley Jr.
Salinger também publicou contos em revistas famosas como Cosmopolitan e The New Yorker. O livro "Nove Estórias" (1953) reúne nove contos no qual o autor trata sobre a família Glass. Buddy Glass, um dos personagens da obra, é quem mais se aproxima da realidade do Salinger, após optar em ficar quatro décadas recluso e sem contato social, fato que aconteceu em 1954, decidindo-se mudar para uma casa em Cornish, New Hampshire.
Em uma das poucas entrevistas cedidas ao The New York Times, em [19]74, disse gostar muito de escrever, entretanto para si mesmo e por prazer. Depois foram lançados "Franny" e "Carpinteiros, Levantem Bem Alto a Cumeeira" (1955), "Zooey" (1957), "Seymour, uma Apresentação" (1959), tendo o último escrito publicado "Hapworth 10, 1924" em 1965.
Recentemente descobriram um suposto testamento no qual Salinger alegou a produção de cinco livros. A biografia "Salinger", escrita pelo cineasta Shane Salerno e pelo escritor David Shields, foi lançada três dias antes da estreia do seu documentário, 6 de setembro, nos Estados Unidos e reúne entrevistas, fotografias, depoimentos de pessoas próximas, cartas e diários.
Salinger era reservado e avesso à exposição de holofotes. Gostava das suas obras livres de todo arquétipo de marketing. Quando a primeira edição do "O Apanhador no Campo de Centeio" foi publicada, Salinger passou alguns meses na Inglaterra para evitar presenciar a repercussão do livro. Chegou até a ordenar o editor-chefe, Agnus Cameron, a não divulgar à imprensa e tirar sua foto da orelha. Ele também não gostava das adaptações cinematográficas de suas obras, mas autorizou a filmagem de My Foolish Heart, de 1949, [porém] acabou detestando o resultado e nunca mais vendeu seus direitos autorais para o cinema.
Conferir o trailer do documentário abaixo: 



Talvez, quem sabe, se ainda estivesse vivo, Salinger mudaria sua opinião em relação ao cinema (ou não).
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Fonte: http://lounge.obviousmag.org/

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