Por
Bernardo Mello Franco
A
jogada estava ensaiada. Nesta terça, a oposição daria um novo passe para
Eduardo Cunha chutar contra o gol de Dilma Rousseff, instalando a comissão do
impeachment. A bola já rolava no tapete verde da Câmara quando o Supremo
Tribunal Federal soprou o apito e interrompeu a tabelinha.
A intervenção do Judiciário embola o jogo e
dá tempo ao governo para reorganizar a defesa. É uma boa notícia para Dilma,
mas ela ainda está muito longe de ganhar a partida.
Se o Planalto estivesse tranquilo, sua tropa
não teria por que ir ao Supremo. Os recursos demonstram que a farta e
desavergonhada distribuição de cargos não foi capaz, até aqui, de garantir uma
base mínima para o embate político na Câmara.
Do outro lado, a oposição será obrigada a
mudar a estratégia. À noite, os tucanos falavam em abandonar os pedidos de
impeachment já apresentados e trocá-los por uma nova representação. É difícil
saber se o Supremo aceitará a manobra para driblar as decisões dos ministros Teori
Zavascki e Rosa Weber.
As liminares não estavam nos planos de Cunha,
mas ele conseguiu tirar algum proveito da confusão. No dia em que 45 deputados
pediram a cassação do seu mandato por quebra de decoro parlamentar, o
noticiário voltou a se ser dominado pelo debate do impeachment de Dilma.
Isso ajuda o presidente da Câmara a se
segurar no cargo, mesmo alvejado pela revelação das contas milionárias na
Suíça. "Vão ter que me aturar um pouquinho mais", ele provocou, em
tom de desafio.
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Fonte: Folha de São Paulo, verão para assinantes, edição do dia 14/10/2015. Título original do artigo 'O Supremo embola o jogo'.
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