quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

O que fizemos de nós


Em fins da década de 1980, Zuenir Ventura lançou o '1968 - O Ano Que Não Terminou '. Li-o efusivamente, vendo em suas páginas o mundo cultural e político da 'geração de  68' e das duas gerações que lhe seguiram, sendo muitos destas duas gerações também filhos daquela, pela formação e perspectiva de mundo que dela assimilaram. Há não muito tempo, Zuenir trouxe a lume uma espécie de continuidade do 'Ano que Não Terminou', sob o título de '1968 - O Que Fizemos de Nós'. Os olhos postos em outros tempos. Embora não veja o livro com o mesmo entusiasmo que o anterior, penso que é uma leitura a ter em conta. Não me entusiamo, por exemplo, com uma determinada influência que Zuenir Ventura deixa transparecer de Michel Mafessolli, tomando formulações suas para análises quando, talvez, elas caibam mais para descrição. De qualquer forma, parece-me bastante instigante a compreensão de Zuenir sobre certos segmentos da juventude hoje. Estão muito distantes do tipo de conscientização dos jovens 'filhos de 1968'. Por exemplo, as raves, no tocante ao significado da liberdade sexual, não têm paralelo com Woodstock. De igual modo, a perspectiva sobre as drogas - entre os 'filhos de 1968', usuários ou não, havia um elemento de percepção sobre elas que as inscrevia no movimento da contracultura e de contestação ao que era considerado como conjunto de valores opressivos da sociedade. Como resultado disso, entre nós, vimos Raul Seixas cantar 'a sociedade alternativa'. Bem, independente de reparos, como dito, vale a pena a  leitura de 'O Que Fizemos de Nós'. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário