Pediram-me, há já alguns dias, que
listasse aqui uma meia dúzia dos livros que li e apreciei em 2015. Tarefa
difícil - não há como, entre os lidos, selecionar um número tão pequeno. De
toda forma, pondo de parte as leituras 'mais de ofício', encarei o desafio, mas
logo ultrapassei a meia dúzia sugerida. Parei. Deixei de fora outros que
gostei. O resultado é a lista a seguir.
1) 'Consciência de Zeno', do italiano
Italo Svevo. Livro considerado a sua obra-prima, onde, acionando conhecimento
psicanalítico, incursiona pelo poder do pensamento e das recordações.
2) 'Edward Palmer Thompson: Objeções e
Posições', de Bryan D. Palmer, sobre o historiador inglês que Hobsbawm
definiu como “o único historiador que conheci dono não só de talento,
brilhantismo e erudição – e da dádiva da escrita – como também capaz de
produzir algo de qualitativamente diverso de tudo aquilo que o resto de nós
produziu”. Cientista social, escritor e poeta.
3) ‘Os Segredos do Conclave’, do
jornalista Gerson Cammarotti, e que trata da escolha do cardeal argentino
Bergolio ao poder máximo no Vaticano. Como Bergolio se transformou no Papa
Francisco.
4) ‘Brizola’, de Clóvis Brigagão e Trajano
Ribeiro, sobre a figura legendária de Leonel Brizola, e também sobre um Brasil
passado que muitos dos mais moços deveriam conhecer.
5) Historia del Surrealismo, edição em
espanhol do trabalho de Maurice Nadeau. Procura fazer uma síntese da história
do surrealismo, o brilho dessa estrela da manhã.
6) Do Marxismo ao Pós-marxismo’, do
sociólogo sueco Göran Therborn (radicado em Cambridge e mais conhecido pela obra
‘Sexo e Poder’). Livro de marcante erudição, onde, mesmo nas divergências, não há
como desconhecer a capacidade argumentativa do autor.
7) ‘A Confissão da Leoa’, de Mia Couto,
onde o autor moçambicano revela muito de África e de seu estilo de escrita.
8) ‘O Capital no Século XX’, do economista
Thomas Piketty. Um ‘livro de fôlego’, como diria o meu amigo Alder Júlio. Como
bem afirmou o Prêmio Nobel Paul Krugman, “Piketty transformou o nosso discurso
econômico; jamais voltaremos a falar sobre renda e desigualdade da mesma
maneira.”
9) ‘Uma Teoria do Poema’, de Domingos
Carvalho da Silva. Uma summa poética, penso
eu, útil para profissionais do mundo literário e também para quem, de modo
geral, se interessa por literatura e poesia.
10) ‘A Tolice da Inteligência Brasileira’,
do sociólogo Jessé Souza. Livro bem de
agora e que vem a lume como um marco da interpretação do Brasil, expondo claras
divergências em relação aos chamados ‘clássicos do pensamento brasileiro’, como Gilberto Freyre e
Sérgio Buarque de Holanda. Além de provocativo, o título, por si, já indica o
grau das divergências.
11) ‘Silent Thunder: A Civil War History’,
de Andrea Davis Pinkney. A obra realiza uma incursão como poucas na história dos Estados Unidos, de
forma literária, colocando em realce a guerra civil que o país viveu no século
XIX e as dimensões do escravismo. Alterna ficção e realidade, tendo no centro da
narrativa a pequena Summer e o seu irmão Rosco, o desejo pelo conhecimento e pela liberdade, assim como faz ecoar relações não aceites.
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