quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

A companhia anual dos livros


Pediram-me, há já alguns dias, que listasse aqui uma meia dúzia dos livros que li e apreciei em 2015. Tarefa difícil - não há como, entre os lidos, selecionar um número tão pequeno. De toda forma, pondo de parte as leituras 'mais de ofício', encarei o desafio, mas logo ultrapassei a meia dúzia sugerida. Parei. Deixei de fora outros que gostei. O resultado é a lista a seguir. 

1) 'Consciência de Zeno', do italiano Italo Svevo. Livro considerado a sua obra-prima, onde, acionando conhecimento psicanalítico, incursiona pelo poder do pensamento e das recordações. 

2) 'Edward Palmer Thompson: Objeções e Posições', de Bryan D. Palmer, sobre o historiador inglês que Hobsbawm definiu como “o único historiador que conheci dono não só de talento, brilhantismo e erudição – e da dádiva da escrita – como também capaz de produzir algo de qualitativamente diverso de tudo aquilo que o resto de nós produziu”. Cientista social, escritor e poeta.

3) ‘Os Segredos do Conclave’, do jornalista Gerson Cammarotti, e que trata da escolha do cardeal argentino Bergolio ao poder máximo no Vaticano. Como Bergolio se transformou no Papa Francisco.

4) ‘Brizola’, de Clóvis Brigagão e Trajano Ribeiro, sobre a figura legendária de Leonel Brizola, e também sobre um Brasil passado que muitos dos mais moços deveriam conhecer.

5) Historia del Surrealismo, edição em espanhol do trabalho de Maurice Nadeau. Procura fazer uma síntese da história do surrealismo, o brilho dessa estrela da manhã.

6) Do Marxismo ao Pós-marxismo’, do sociólogo sueco Göran Therborn (radicado em Cambridge e mais conhecido pela obra ‘Sexo e Poder’). Livro de marcante erudição, onde, mesmo nas divergências, não há como desconhecer a capacidade argumentativa do autor.

7) ‘A Confissão da Leoa’, de Mia Couto, onde o autor moçambicano revela muito de África e de seu estilo de escrita.

8) ‘O Capital no Século XX’, do economista Thomas Piketty. Um ‘livro de fôlego’, como diria o meu amigo Alder Júlio. Como bem afirmou o Prêmio Nobel Paul Krugman, “Piketty transformou o nosso discurso econômico; jamais voltaremos a falar sobre renda e desigualdade da mesma maneira.”

9) ‘Uma Teoria do Poema’, de Domingos Carvalho da Silva. Uma summa poética, penso eu, útil para profissionais do mundo literário e também para quem, de modo geral, se interessa por literatura e poesia.

10) ‘A Tolice da Inteligência Brasileira’, do sociólogo Jessé  Souza. Livro bem de agora e que vem a lume como um marco da interpretação do Brasil, expondo claras divergências em relação  aos chamados ‘clássicos do pensamento brasileiro’, como Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Holanda. Além de provocativo, o título, por si, já indica o grau das divergências.

11) ‘Silent Thunder: A Civil War History’, de Andrea Davis Pinkney. A obra realiza uma incursão como poucas na história dos Estados Unidos, de forma literária, colocando em realce a guerra civil que o país viveu no século XIX e as dimensões do escravismo. Alterna ficção e realidade, tendo no centro da narrativa a pequena Summer e o seu irmão Rosco, o desejo pelo conhecimento e pela liberdade, assim como faz ecoar relações não aceites.


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