Por Bernardo Mello Franco
Na
montanha-russa da crise brasileira, um dia tem sido tempo suficiente para
transformar derrotados em vitoriosos -e vice-versa. Na quarta, governo e
oposição viam o impeachment na esquina. Ontem, Dilma Rousseff ganhou dois
trunfos para lutar pelo mandato.
A presidente colheu a primeira boa notícia na
Câmara, onde o aliado Leonardo Picciani retomou a liderança do PMDB. Depois
comemorou outra vitória no Supremo Tribunal Federal, que desmontou o rito de
Eduardo Cunha para destituí-la.
O tribunal derrubou os principais pontos do
voto do relator Luiz Fachin, apresentado na véspera. Os ministros determinaram
que a Câmara faça nova eleição para a comissão especial do impeachment, desta
vez à luz do dia e com voto aberto.
Isso desmancha o grupo armado por Cunha em
sintonia com o vice-presidente Michel Temer. Com ajuda do voto secreto e das
traições na base, eles haviam formado uma comissão de maioria pró-impeachment.
Agora o governo terá chances de virar o jogo antes do apito inicial.
O Supremo também decidiu que os senadores
poderão arquivar o processo contra Dilma por maioria simples, mesmo que dois
terços dos deputados votem para afastá-la. Assim, a House of Cunha não terá
plenos poderes para derrubar a presidente.
O governo respira, mas pode pagar um preço
alto pelo oxigênio em 2016. A partir de agora, seu futuro passa a depender cada
vez mais do senador Renan Calheiros, cujos humores costumam dar tantas voltas
quanto uma montanha-russa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário