terça-feira, 26 de maio de 2015

O adeus de John Nash ou cinco pontos de uma mente brilhante

Partiu, de forma trágica (acidente automobilístico), John Nash, cientista inspirador do filme 'Uma Mente Brilhante'. Travou muitas lutas, vendo-se por vezes perante a vertigem de um  sofrimento atroz, prologando e desesperado. Mas conseguiu a superação e se refez. Transvivenciou-se, contudo, numa cena banal: o motorista do táxi em que ele estava, com a esposa Alicia, perdeu o controle do automóvel e bateu em uma mureta. Shati, shanti, shanti. A Revista Época elencou cinco ponto que ilustram Nash como uma mente brilhante. Reproduzidos a seguir. 

John Nash e sua mulher, Alicia, chegam para a cerimônia de entrega do Oscar, em 2002 (Foto: Laura Rauch/Arquivo/AP)
John Nash e a sua companheira Alicia

1. John Nash é até agora a única pessoa a ganhar um Nobel e um Abel (um "Nobel da matemática").
O matemático John Nash estava em Oslo na semana passada justamente para receber das mãos do rei da Noruega, Harald V, o Abel, prêmio de 6 milhões de NOK (cerca de US$ 750 mil), que dividiu com Louis Nirenberg. O acidente que matou Nash e sua mulher, Alicia, aconteceu no sábado (23) quando os dois voltavam de táxi do aeroporto para casa.
John Nash ganhou o Abel por suas contribuições em matemática pura, principalmente em geometria e equações diferenciais parciais. Os matemáticos afirmam que seu trabalho na área é mais espetacular do que o que ele fez na Teoria dos Jogos, que lhe rendeu reconhecimento internacional e o Nobel de Economia em 1994 (não existe Nobel de Matemática). Sua tese de doutorado, de 1950, com 27 páginas é considerada um dos textos fundamentais da Teoria dos Jogos. É possível ler no site de Princeton o artigo: Non-cooperative games (Jogos não-cooperativos). Nele, está o conceito conhecido como Equilíbrio de Nash.

2. John Nash casou, divorciou e casou novamente com a mesma mulher.
John e a física Alicia Nash se casaram em 1957. Dois anos depois, ele foi internado pela primeira vez, sofrendo com paranoias, mirabolantes histórias de perseguição. Eram sintomas daesquizofrenia. Alicia estava grávida do primeiro filho do casal (ele já tivera um filho antes, em 1953, de um relacionamento com uma enfermeira). Em 1963, divorciaram-se, mas ela continuou o ajudando. Em 1970, mesmo separados, Alicia o aceitou em sua casa, para cuidar dele. Depois que Nash conseguiu controlar a doença, casaram-se novamente em 2001.

3. John Nash afirmava que controlou a esquizofrenia simplesmente decidindo voltar à racionalidade.
Quando ganhou o Nobel de Economia, em 1994, John Nash estava sem publicar artigos científicos desde 1958, contou sua biógrafa,Sylvia Nasar, em artigo no New York Times, na época do anúncio do prêmio. Seus problemas mentais o haviam impedido de exercer cargos acadêmicos desde 1959, quando deixou o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês, onde ingressara em 1951). Nash chegou a se mudar para a Europa, afirmando que era perseguido. Em 1960, retornou para Princeton. Foiinternado diversas vezes por conta da esquizofrenia. Nos anos 1970, foi deixando de tomar medicamentos e descreveu assim, em 1996, para o amigo Harold W. Kuhn, professor emérito de matemática em Princenton, sua "cura": "Me livrei do pensamento irracional, por fim, sem remédios, que não as mudanças hormonais do envelhecimento".
No texto biográfico que escreveu para o Nobel, Nash disse que evitaria descrever detalhes pessoais do longo período em que lutou contra a esquizofrenia. Sobre seu retorno à racionalidade escreveu: "E aconteceu que eu fiquei internado por tempo o suficiente para, finalmente, poder renunciar às minhas teses delirantes e voltar a pensar em mim como uma pessoa nas circunstâncias mais convencionais e retornar à pesquisa matemática".

4. Ao ganhar o Nobel, aos 66 anos, John Nash afirmou que continuava a buscar grandes realizações.
John Nash escreveu, em 1994, que "estatisticamente seria improvável que um matemático ou cientista, aos 66 anos, pudesse, por meio de continuados esforços em pesquisa, adicionar muito àquilo que já alcançara academicamente". O matemático disse, entretanto, que os 25 anos em que ficou atormentado por delírios tornavam seu caso atípico. "Por isso, espero ser capaz de alcançar algo de valor por meio de meus estudos atuais ou com qualquer nova ideia que me surja no futuro."

5. John Nash era um gênio.

Uma das cartas de recomendação para ser aceito no doutorado da Universidade de Princeton ("casa" de grandes nomes da ciência, como o físico Albert Einstein em seus 22 últimos anos de vida) tinha apenas uma frase: "Este homem é um gênio".
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Fonte: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/05/john-nash-matematico-que-inspirou-filme-morre-em-acidente-nos-eua.html

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