Ainda sobre o desrespeito aos professores da rede estadual da Paraíba, para o qual "estranhamente" os profissionais de movimentos sociais fazem 'cara de paisagem' (pelos corredores universitários, inclusive), chega-me por e-mail, com pedido de publicação, um texto bastante exemplar daquilo que, numa postagem anterior sobre o assunto, já lancei mão de Robert Michels para designar como 'lei de ferro da oligarquia' - ou de quando os sindicatos encastelam-se na burocracia movidos por propósitos exógenos aos interesses das categorias que, supostamente, representam. Continuar repisando isso, não custa tentar, pode ser que faça os 'profissionais de movimentos sociais' (sempre tão ávidos em invocar 'lutas históricas' e 'seus mártires') a "perceberem" que, numa greve na PB, houve corte de salários de docentes, tendo-se, por outro lado, o paradoxo caso de professores terem sido repelidos por seu próprio sindicato. Protestar, da Paraíba, contra o governador do Paraná é fácil, está-se distante; difícil parece que é protestar em relação às injustiças contra os docentes que ocorrem no próprio 'terreiro'. A seguir, o texto, que tem como título original: 'Como algo que não começou pode acabar?'.
Protesto em frente à sede do governo da Paraíba: invisível para alguns |
Por Allan Luna
Em 4 minutos a direção do Sintep-PB encerrou uma
Assembleia Geral e uma greve. Sem exageros, isso merecia ser matéria de capa em
qualquer grande jornal de circulação, tamanho é o absurdo.
Penso nos colegas professores e professoras que
viajaram de Patos, de Cajazeiras, de Campina e que ao chegarem presenciaram um
diretor simplesmente comunicar o fim de nossa greve do alto de um trio
elétrico, sem nenhuma fala dos educadores presentes.
Houve aqueles que – como eu – nem sequer puderam
presenciar o patético discurso dos 4 minutos. Vários foram os professores que
ao chegarem ao local da Assembleia, a Praça dos Três Poderes, não encontraram
mais nada ali. Apenas os costumeiros e apresados transeuntes de terno e
gravata.
O Sintep-PB bateu em retirada!
E justamente no fatídico dia dos descontos
indevidos em nossos salários por parte do desumano governador da Paraíba,
Ricardo Coutinho. De que chamar esse sindicato se não de traidor?
Muitos foram aqueles que, indignados, ocuparam o
sindicato (um espaço que é nosso!) após mais esse golpe, na Assembleia Geral do
dia 30 de abril. Mas não sem serem agredidos pela força de segurança contratada
pela direção, ironicamente paga com o nosso dinheiro.
E por pouco não aconteceu ali uma tragédia ainda
maior. Um professor chegou a ser imobilizado pelo pescoço, e por alguns minutos
foi sufocado, quase desfalecendo sem oxigênio, devido ao completo despreparo e
desequilíbrio emocional dos “profissionais” contratados (sem nenhuma
identificação).
Sei que é difícil de acreditar que isso tenha
ocorrido em nosso sindicato, que inclusive chamou a polícia para nos retirar de
nossa sede. Mas é a realidade. O nosso próprio sindicato, por muito pouco, não
foi responsável direto pela morte de um professor, dentro de suas dependências.
Por sorte dessa diretoria, o professor preferiu não prestar queixa por essa
tentativa de homicídio.
Assim terminou (?) a nossa greve de fachada.
Uma greve de mentira. Um completo teatro, autoritariamente dirigida por um
sindicato do PT, sem nenhum enfrentamento direto ao Governo do Estado, apenas
realizando esvaziadas passeatas-desfile de quase nenhum impacto social ou
político.
Uma greve combinada nos bastidores. Jamais pensada
em ser vitoriosa.
Esse sindicato não nos representa!
É chegada a hora de dar-lhe as costas e de
começarmos nós mesmos a empreitada da mudança que a educação paraibana tanto
precisa.
De forma urgente!
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