Conforme dizia o escritor italiano Alessandro Manzoni, as pessoas às vezes têm uma capacidade infinita de complicar a vida, de modo que "para uma pessoa complicada, quase tudo é uma nova complicação." Do simples, surge uma montanha de complicações e até de situações já equacionadas, se novamente faladas, podem resultar em novos problemas. Ou a repetição do problema supostamente já resoluto. Por quê? Como entender isso? Não parece fácil. Até há algum tempo, esse era um terreno quase hegemonizado pelas 'abordagens psi', em sentido estrito. Mas a situação mudou, e não sem razão, pois, pelo menos desde Nobert Elias, sabemos que a sociologia dispõe de consistentes ferramentas analíticas para tratar de temas como caráter e personalidade. Entre nós, está na praça um "livro quentinho" (do fim de 2014) que se ocupa dessa questão de forma inovadora: inscreve-se nos marcos sociológicos, mas tem um estilo que flerta com a literatura, com textos que assumem a perspectiva de 'contos reais'. É de autoria do jovem sociólogo mineiro Raphael Juliano, e intitula-se Frágeis Esperanças, título bem sugestivo a propósito da expectativa a se ter em relação a quem faz da vida uma permanente complicação e criação de problemas. É provável que isso, no mais das vezes, resulte do receio em tomar decisões, fazer opções, enfim, enfrentar a própria vida com os graus de incerteza que ela tem. Mas, convenhamos, não calha bem deixar que ponderações que se impõem em momentos de escolha/decisão assumam um patamar de status ontológico. Por esta e outras razões, o livro Frágeis Esperanças é uma leitura a ter em conta.
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