Decididamente não se pode dizer que, em alguns contextos, 'movimentos sociais' têm inovado pela bizarrice - para falar em termos diplomáticos, fora do âmbito destes a coisa possivelmente possa ser referida como cretinice mesmo. Saber, por exemplo, se determinados movimentos são movimentos ou ONG$ é um grande desafio. E o aparelhamento? Se este é um fenômeno que tem raízes extensas no tempo (alô, tese da 'correia de transmissão'), o fato é que ultimamente ele inova cada vez mais. Pasmem, mas agora já se torna "normal" pessoas externas a um segmento irem a uma assembleia deste, usarem a palavra e praticamente definirem a pauta de tal segmento! Cômico ou trágico? Você decide. Mas, antes, sabia que, nessa pantufada toda, ainda se é capaz de brandir palavras/frases de efeito de Paulo Freire, à moda de 'santo remédio' - a 'libertação', a 'autonomia', etc. Como se isso fosse possível com movimentos sob tutela e aparelhados, envoltos em propósitos outros. No caso de movimentos que têm a juventude como protagonista, isto é ainda mais preocupante, pois os jovens estão em processo de formação. Logo quem tem responsabilidade sobre o processo formativo deveria levá-lo suficientemente em conta, deixando os jovens caminharem com as suas próprias pernas em matéria de organização, evitando-se então a instrumentalização. Isso seria, vamos lá, minimamente freireano - não definir pautas para movimentos dos jovens ou procurar 'fazer a cabeça deles'. Tal postura tem outro nome: manipulação. Aparelhamento daqui, negociações outras dali, estamos vendo, no âmbito federal, o que tem acontecido com (ex)militantes de movimentos sociais. Mesmo assim, não se aprende. Mas não custa falar a respeito, realçar o equívoco que o aparelhamento representa para os movimentos sociais, sejam eles sindicais, estudantis, rurais, etc. A propósito, para assinalar o valor de movimentos sem tutela, vale a leitura do trabalho, já de algum tempo, de Km Moody - Workers in a Lean World (Londres, Verso).
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