Por Ana Macarini
O
que não falta nesse mundo é gente louca para roubar a nossa luz, a nossa
vontade e até mesmo a nossa ousadia. Parece absurdo, mas pode acreditar, tem
gente que sente inveja até das dificuldades que enfrentamos!
O
invejoso olha para a nossa vida a partir de uma lente reducionista, por meio da
qual só vê a parte que lhe interessa. O invejoso olha para as nossas lutas e as
avalia como infinitamente mais fáceis do que as que ele precisa enfrentar. O
invejoso olha para nossas conquistas e tem absoluta certeza de que não as
merecemos e de que elas ficariam perfeitas em suas vidas. O invejoso agride
porque não tem competência para admirar nossa serenidade. O invejoso inventa
histórias com o objetivo de nos diminuir perante o outro, simplesmente porque
se sente tão pequeno e pouco, que precisa inverter a lógica do merecimento.
Lidar
com gente é uma tarefa árdua, complexa e desafiadora. Exige de nós doses
consideráveis de flexibilidade, tolerância e paciência. Mas, também, exige de
nós firmeza e capacidade de estabelecer limites. Excesso de tolerância pode
passar ao outro a falsa impressão de que somos pouco importantes, de que
precisamos estar sempre disponíveis ou de que não há necessidade de
reciprocidade no relacionamento.
Não
raras vezes abrimos nossas vidas à visitação sem ter o cuidado de pedir ao
outro que tenha a gentileza de limpar os pés antes de entrar. Não poucas vezes,
fazemos das tripas coração, só para não deixar de atender a um pedido, uma
súplica ou uma solicitação, sem nos importarmos com o fato de que estaremos
tirando de nós mesmos tempo, presença e atenção.
E
é claro que esse mundo anda muito esquisito porque parece estar na moda ser
egoísta, individualista e seletivo quanto a quem merece ou não merece a nossa
compaixão. E, não, não há aqui uma contradição em relação a toda a linha de
raciocínio desenvolvida até aqui nesse texto. Aqui, faço um convite à reflexão.
Aqui, proponho um exercício de equilíbrio nas relações. Aqui, pergunto a você,
porque estou longe de ter todas as respostas…
O
que devemos fazer quando percebemos que estamos há tempos permitindo que o
outro roube a nossa luz? O que devemos dizer ao outro para que ele perceba que
estamos esgotados e que, de vez em quando, é preciso trocar de lugar? Quais são
as palavras certas a dizer para que o outro entenda que não gostar do que ele
fez, deixou de fazer, falou ou deixou de falar não quer dizer que nós deixamos
de querê-lo bem?
Ahhhh…
como é difícil conviver, não é? No entanto, não há nada mais bonito do que o
aprendizado da convivência. Não há nada mais importante do que a nossa
disponibilidade para aprender a dar e receber ajuda, amizade e amor. E se
estivermos apagados e frios, não seremos capazes de enxergar as possibilidades,
porque os olhos congelados de afeto não são capazes de contemplar o outro, com
suas luzes e sombras. Sendo assim, quando tudo for escuridão… acenda-se!
Revelar-se forte na compreensão da fragilidade da vida é um argumento contra o
qual não é possível discordar!
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Fonte: http://www.contioutra.com/. Título original: 'Quando tudo for escuridão, acenda-se!'