segunda-feira, 15 de junho de 2015

O invisível que se habita

É legal vermos alunos e ex-alunos se encontrando com o que gostam de fazer, crescendo intelectualmente e obtendo sucesso em suas trajetórias. Esta é a razão de ser do trabalho de um professor, e, em minha perspectiva, motivo de cobrarmos rigor nos estudos. Pois então, nas leituras desta segunda-feira, deparo-me com um poema intitulado ''A Invisibilidade que Habito'. Poema com inegável tom ontológico.  Busco informações sobre a autoria, e encontro Palloma Dornelas - o nome de uma ex-aluna minha da UFPE. Na dúvida, resolvo perguntar-lhe diretamente: o poema 'tal' é de sua autoria? 'Sim, professor, é de minha autoria'. Muito bem, Palloma. Que siga em frente com a verve promissora pelo mundo das letras. Aí abaixo, o poema.



A Invisibilidade que Habito
Palloma Dornelas

Nos cinco sentidos 
a existência do invisível,
presente na multidão
mais um corpo foi abolido.
Os olhares não refletem,
não se cruzam e ficam míopes.

A dor latente no peito
famintos de desejos, 
ecoam pelo grito.
Mas o mesmo não emana
se dissipa e não alcança
o interior do indivíduo.

Na solidão enlutada
aproximo-me mais uma vez
e pelo toque das mãos enrugadas
durante a transmissão sináptica
a informação não codificada
faz a sensibilidade se perder.

Introjeto-me o sentimento
e sigo na contramão
nesse meu eu solitário
procuro outra direção.
Quem sabe esta me devolva
minha alma, voz e canção.

Que o invisível que habito
possa assim transparecer
ainda que por um evaporável instante
 minha ausência se converta
e possa então renascer.

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