terça-feira, 2 de junho de 2015

Infinito

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Líquido e gasoso ao mesmo tempo
Por Rafaela Werdan

O infinito é além do infinito. Infinito por definição não cabe em si. Infinito não se consome ou entende como conhecimento, leitura ou matemática. Essa reflexão sobre o infinito é o algoz do infinito. Ele tenta existir livre mais a vida veio para limitá-lo, jogou-lhe horas e estações térmicas diferentes, separadinhas por orvalho, sol e chuva. Infinito são (em plural mesmo) o disforme, talvez o gasoso que abrange tudo que existe sem forma definida ainda, caracterizado pelo inicio e fim.
Não, antes do inicio gasoso tem o desejo. Desejo é a parte instintiva anterior ao existir. A terra é o orgasmo do infinito universo gasoso. È o desejo materializado. È o infinito líquido. Esse infinito líquido perpassa a luz em todas as suas exibições, transforma ela em cor sólida e é visto escorrendo pelos dedos e pintando telas ou dando cor a nossa pele. Ele resiste a noite que adentra a terra enquanto a luz percorre estaticamente todo o infinito terrestre. Esse infinito que abriga e é abrigado pelo dia e pela noite na terra, se multiplica, se repete, se converte em medidas e símbolos. Quando o infinito líquido terrestre sente algo com muita intensidade ele quase se desfaz em inconsciência, fica tudo negro novamente. Alguns vêem a morte, outros gozam a vida, alguns sonham ao descansar na noite, sonham imagens nunca antes vistas conscientemente, imagens que só o infinito abriga em possibilidade.

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O infinito por vezes considerado muito grande, abriga tudo de menor que existe. Nas menores medidas cabem todo o infinito, afinal, infinito são todas as concepções, formas e percepções possíveis. Talvez o infinito seja a partícula minúscula, invisível e impalpável que reside em um espaço sem medidas ou delimitações, um espaço para além de gigante. Pois, para ser gigante precisaríamos de um referencial e tudo para uma partícula minúscula é além de gigante. O infinito é o desaparecer também, ser nada é ser tudo. Ser nada, então, é ser infinito. Infinito se opõe a si mesmo. È o contraste do ser e não ser. Do existir e não existir. Do resistir e desaparecer. O infinito esconde feridas, e suas maiores feridas é nada ser real. È tudo um jogo de sensações, principalmente a do desejo de nascer e morrer. È o desejo inconsciente de se multiplicar e se anular em igual escala.

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Infinito é tudo que caberia na forma de cada letra que escreve esse texto. Se o infinito fosse uma partícula invisível ele percorreria as letras desenhadas como se essas fossem um universo que guardam segredos e possibilidades de serem tudo. De expressarem tudo. Cada letra em sua I N D I V I D U A L I D A D E se transforma em pequenos infinitos. E aqui, eu direcionei elas para falarem sobre uma concepção muito pequena do que seja infinito perto de todo o universo gasoso.

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Sou o infinito líquido que gera outro infinito líquido em meu ventre. Sou a matéria que carrega o orgasmo do universo. Eu posso sentir o infinito líquido resistindo a tudo, enquanto eu assim quiser. Resistindo a luz, a escuridão, a dor e ao frio. Infinito sãos os caminhos que nos fizeram esbarrar uns nos outros depois de percorrer o tudo e o nada anterior ao gasoso que se liquidificou dentro de nós.
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Fonte: http://lounge.obviousmag.org/entre_ocio_e_sonhos/2015/05/infinito.html

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