Sábado na boa tradição da Economia Política Clássica, na cidade do Conde, agregando professores da UFPE e da UFPB, além de outros atores sociais. Vamos de Capítulo X, do livro III, de O Capital. Desde logo, uma espécie de axioma para se procurar viver nesse instável mundo onde tudo que é sólido desmancha no ar: 'o que não passa de casualidade é nulo do ponto de vista científico, devendo considerar-se inexistente'. A seguir, o rumo que tomará a minha prosa no debate.
Interpretação do Capítulo X,
com alguns realces no Capítulo IX, do Livro III, de O Capital, de Karl Marx
Ivonaldo
Leite
1.1
-
Tempo de trabalho socialmente
necessário: tempo de trabalho necessário à produção de qualquer valor de
uso sob as condições normais em uma determinada sociedade e com o grau médio de
habilidade e de intensidade predominantes nessa sociedade. O que determina
exclusivamente a magnitude do valor de qualquer produto é, então, a quantidade
de trabalho socialmente necessário ou tempo de trabalho socialmente necessário
à sua produção. É, portanto, sinônimo de trabalho abstrato, que é a substância
do valor, se sua medida se faz em unidades de tempo. A expressão está em
contraste com o trabalho individual. Tempo padrão para a produção da mercadoria.
1.2
– Composição
orgânica do capital: relação entre os valores do capital variável e do
capital constante – Coc = v/c.
1.3
– Taxa
geral de lucro: nivelamento das taxas de lucro dos diferentes ramos.
1.4
– Taxa
média de lucro: média das taxas de lucro das empresas num determinado ramo.
1.5
– Superlucro:
É uma forma extra de mais valia, obtida por empresas que operam com uma
base técnica desenvolvida e que permite a produção de mercadorias por um menor
preço;
1.6
- Preço
de produção: custo de produção + lucro médio. Preço de produção é a
grandeza média em torno da qual, em última análise, oscilam os preços de
mercado das mercadorias, os preços pelos quais as mercadorias são vendidas. A
transformação do valor em preço de produção faz com que a mais valia passe a se
manifestar sob a forma de lucro médio.
1.7
– Mercadoria: Forma que os produtos assumem quando a produção é organizada por
meio de troca. A mercadoria tem duas características: a) pode satisfazer uma
necessidade humana, como valor de uso; b)
pode obter outras mercadorias em troca, tem poder de permutabilidade, o que
Marx chamou de valor. São os
componentes da mercadoria: a) capital constante; b) capital variável; c)
mais-valia. A grandeza de valor da mercadoria é determinada pela quantidade de
trabalho socialmente necessário. Deve ser considerada como massa total, e não
como produto isolado.
1.8 – A lei do valor regula o movimento das
mercadorias, independente de como o preço é fixado. Portanto, nada se pode
explicar em relação à oferta e à procura sem antes se conhecer a base sobre a
qual opera essa relação. “A relação entre oferta e procura reflete, primeiro, a
relação entre valor de uso e valor de troca, entre mercadoria e dinheiro, entre
comprador e vendedor, e, segundo, a relação entre produtor e consumidor” (p.
217). Mais ainda: “a relação entre procura e oferta explica apenas os desvios
que os preços de mercado têm dos valores de mercado” (p. 215).
1.9 – Há
mercadorias que são exceções, “tendo preço sem possuir valor” (215).
1.10 – O
custo capitalista da produção (cc + cv) é menor do que o seu valor (cc + cv +
mv).
1.11 – A
taxa de lucro é a forma metamorfoseada de mais valia - mv/C = mv/cc + cv.
1.12 – Com
o desenvolvimento do capitalismo, o investimento e progresso técnicos são
incrementados, aumentando a composição
orgânica do capital, o que faz surgir a tendência
à queda da taxa de lucro. Para o capitalista, o aperfeiçoamento técnico é
uma forma de auferir mais lucros; contudo, outros também pensam assim e buscam
o mesmo, intensificando a concorrência – queda da taxa de lucro e crise do
sistema.
Nenhum comentário:
Postar um comentário