Em 2013, Analas of the New York Academy of Sciences publicou pesquisa que indicava uma 'reação biológica' em pessoas que não só não se sensibilizam com o sofrimento alheio, como chegam até mesmo a experimentar prazer diante das dificuldades e da dores do outro. As bizarrices do mundo! Claro, não se trata de valorizar o "coitadismo", que, no final das contas, termina por anular as pessoas. De resto, o coitadismo quase sempre anda na garupa de 'preceitos morais' que dispensam juízos lustrados pela razão. Trata-se, sim, de ter sobre a mesa a temática do 'humanismo concreto', no sentido de garantir a afirmação autônoma de cada um como autor da sua própria história. E aqui, pelo caminho, encontra-se a questão da felicidade. Aí abaixo, segue um pequeno texto discutindo o assunto a partir de uma incursão na antiguidade clássica grega, com foco em Platão e Aristóteles. De rerum natura. É necessário apreender a captar a 'natureza das coisas'. Sócrates: "é sábio quem coloca em si o que leva à felicidade ou dela se aproxima."
Por Bento Silva
Santos (UFES)
O objetivo desta comunicação
tem em vista esboçar, para além de todas
as diferenças, o que existe de comum nas éticas descritivas ou “empiristas”
de Platão e Aristóteles a partir da estrutura
fundamental da ética eudaimônica:
a eudaimonia
é entendida como posse de bens reais, dotados de um valor objetivo. Para Platão, esses bens são, além do conhecimento, a ordem, a medida, aproporção que, presentes
em toda a realidade humana,
contribuem para assegurar aos homens a vida feliz. Aristóteles acrescentará aos bens intelectuais certos bens exteriores, tais como a saúde e a reputação, poder, que são necessários para o exercício
da espontaneidade moral.
Ambos se aproximam na questão do “bem humano”: este, enquanto
expressão de “felicidade”, pode ser tematizado a partir das analogias entre os termos em redor dos quais gravita pre-
ponderantemente a ética grega: techne, agathon, arete. Quando os vinculamos ao conceito axial de eudaimonia, o “bem humano” aparecerá como característica
principal da “felicidade” humana
nas abordagens mais descritivas e empiristas de Platão e Aristóteles. Por conseguinte, a “felicidade” historicamente realizável dependerá da posse de bens reais aos quais a razão imporá uma justa medida (Político), um meio termo (Ética a Nicômaco), uma mistura ou combinação de prazer e inteligência (Filebo), uma mistura das distintas Constituições (Leis).
1. A ética “empirista” de Platão
Segundo o consenso unânime dos autores, dois temas fundamentais
norteiam a reflexão ético-filosófica
de Platão: de um lado, o conhecimento e as condições que o tornam possível
e, simultaneamente, a natureza metafísica do que é conhecido (“Como posso conhecer como devo viver?”); de outro lado, a
questão socrática fundamental que tematiza
a importância da moralidade para a
vida feliz e as condições
necessárias de sua realização na polis: “Como eu devo viver?”. A pretensão de uma compreensão racional do eu, formulada pela pri-
meira vez por Sócrates nos diálogos primitivos, fez com que Platão buscasse
um fundamento filosófico da abordagem racional de seu mestre
conectando-a com o conhecimento da realidade inteligível, que é a Idéia
do Bem. O conhecimento do Bem e sua interiorização constituem a resposta
platônica à questão normativa
socrática: “Como eu devo viver?” A verdadeira
“felicidade”, segundo
as reflexões ético-políticas dos livros centrais
da República, reside na forma de existência consagrada ao conhecimento do Bem. Este ideal filosófico, portanto, seria o verdadeiro ideal humano
do viver, no sentido de “assemelhar-se a Deus enquanto é possível”1. As respostas
às questões normativas e epistemológica dependem, respectivamente da doutrina de Platão sobre a conexão entre
virtudes e felicidade, bem como de sua interpretação sobre o conhecimento, opinião e ciência2.
Em relação aos diálogos
de Platão, a problemática presente no tema desta reflexão
poderia ser formulada
com as seguintes perguntas: como relacionar
a ontologia da maturidade, mais voltada ao conhecimento
das Idéias e de sua geração, com as reflexões
sobre as ações humanas?3 Como em Platão se modificou a questão ética associada
ao problema cósmico e metafísico com as noções de kosmos e
taxis4 para o “bem” ético definido
nos diálogos tardios como metrion? Se o conhecimento do Bem absoluto
preconizado na República é
a suprema Idéia que norteia
as vertentes das ações humanas
(gnoseológicas, éticas, estéticas, políticas, técnicas) em direção a uma vida feliz na prática da virtude, Platão terá descortinado um pessimismo acerca da viabilidade prática deste princípio fundamental em suas obras da velhice? Em que medida, portanto, se configu-
ram as continuidades e descontinuidades entre as aplicações éticas de Platão sobre a noção de “intermediário” (justa medida, proporção, mistura dos elementos, meio-termo, etc.) e as éticas
mais descritivas e “empiristas” de Aristóteles?5
As semelhanças com as éticas
aristotélicas se tornam evidentes a partir
do estudo dos últimos diálogos
de Platão6 que tematizam novos aspectos na postura idealista e metafísica conquistada a partir do ensinamento socrático que inaugurou no ocidente a reflexão ética organizada como uma ciência
do bem: do exame do Bem em si nos livros centrais da República7, Platão se voltará ao e- xame do bem humano concreto. Do estudo das últimas fontes constitutivas da moralidade na esfera metafísica
– relação com o Bem absoluto
– passará a con- siderar descritivamente os constitutivos imediatos
do bem humano in facto esse.
Neste sentido, lendo os últimos diálogos – isto é, o Político, o
Filebo, o Timeu e as Leis -, que se supõe tradicionalmente posteriores à República, verificamos que a grandiosa síntese metafísica e epistemológica
sobre a Idéia do Bem se
desintegrou8.
É impossível que o Bem absoluto se realize neste mundo9. Uma
mudança notável se realiza: os aspectos teórico e prático da filosofia
do conhe- cimento em Platão estão agora separados. No entanto, Platão permanece fiel à diretriz dada pelas analogias socráticas. Os elementos que descritivamente
e como que a posteriori Platão descobre no Bem são a ordem, a medida, a pro-
porção, a reta combinação ou mistura dos elementos, a harmonia; esses ele-
mentos são como o leitmotiv ético dos diálogos tardios,
mas quase todos estavam de certo modo implícitos, ou às vezes explícitos, na analogia técnica
tão habitual em Sócrates. A missão da técnica consiste
em estabelecer ordem, me- dida,
proporção, harmonia, etc. entre elementos
dispersos.
Neste sentido, é assim significativo o posicionamento mais realista no Político, onde Platão introduz o tema da “justa medida”
ou proporção, to metrion,
que retornará em quase todos os diálogos
tardios e que, sem dúvida,
é o ante- cedente imediato da famosa mesotes
aristotélica10. A medida é algo que pode aplicar-se a tudo que admite excesso ou defeito;
mas deve-se distinguir duas classes de medida: a primeira,
que é mera comparação de diversas
grandezas entre si – que é o que se faz ao “medir”
algo com um padrão de longitude,
ca- pacidade, peso, etc.; a segunda, que se faz com “relação às necessidades es- senciais do devir” (kata ten geneseos anankaian ousian, 283 d)11: Em outras
palavras: podem estabelecer-se toda espécie de medidas relativas
por comparação entre diversas grandezas; mas um tipo de medida que é, em certo sentido, absoluta, pois responde ao que exige a essência de cada coisa: cada coisa exige por sua essência determinadas qualidades em determinado grau, e é o excesso ou defeito em relação a esta medida o que determina
o que está bem ou mal
nas coisas. Se a Idéia do Bem representava a objetivação no plano metafísico do sumo valor, a justa medida representa uma objetivação
semelhante no plano concreto. Isto porque se supõe que esta justa medida é algo objetivo
e plena- mente determinado na ordem dos valores. A justa medida é o bem próprio de cada essência, e a justa medida para o homem consiste em realizar em todas as suas ações o bem que lhe corresponde por sua essência.
Trata-se,
portanto, de dois tipos de metrética:
um de caráter quantitativo
e matemático, que vem a ser a mensuração
do mais e do menos nas suas rela- ções recíprocas, segundo a relação
de grande e pequeno (exemplos: comprimento, largura, profundidade,
espessura, velocidade e os seus contrários),
e outro de caráter ontológico-axiológico, que é a mensuração do mais e do menos em
relação ao justo meio, segundo a medida
necessária para a geração das coisas e segundo o que faz com que exista o bom e o mau (exemplos: conveniente, oportuno, devido
e tudo o que implica
o meio entre os extremos).
2. As éticas de Aristóteles12
Se Platão ofereceu
sua grande tentativa de “salvar” a vida do homem ne- gando todo valor ao mundo da mutabilidade e do contingente, à vida das pai- xões,
aos bens necessariamente efêmeros em sua grandiosa síntese metafísica
da Idéia do Bem, a autocrítica e a revisão
filosófica de seu pensamento na fase
tardia redimensionaram a sua teoria ética: nos diálogos de seu último período
de produção literária, Platão lança elementos que permitirão reabilitar o valor dos bens humanos que, sendo mutáveis e instáveis, não deixam, porém, de ser componentes indispensáveis de uma vida boa. É o caso
das éticas de Aristóteles.
Na Ética a Nicômaco, considerada como um
manual para a felicidade, o discípulo de Platão estabelece desde o início da obra sua primeira “definição”: “O bem
do homem vem
a ser uma atividade da alma de conformidade com
a virtude, e se as virtudes são várias, de
conformidade com a melhor e
mais completa entre elas, e ademais devemos
acrescentar que tal atividade deve estender-se por
toda a vida”13. Assim, o primeiro livro da Ética a Nicômaco já
contém passagens que indicam a
necessidade de bens externos (sendo a virtude o bem
interno por antonomásia), cuja presença na vida do homem
contribui essencialmente para a
sua felicidade:“Por que não diríamos, então que é feliz o homem ativo de conformidade com a virtude perfeita e
suficientemente aquinhoado com bens exteriores,
não por um lapso de tempo qualquer;
mas por toda a
vida?”
Por conseguinte, segundo
perspectivas epistemológicas semelhantes, e ao estabeleceram reflexões relacionadas com as ações humanas através
da teoria do “bem humano”15,
Platão e Aristóteles propõem a busca da
felicidade na vida virtuosa.
De modo geral, a felicidade, da qual a virtude
é uma condição necessária, requer também outros bens; trata-se do bem propriamente humano que, diferentemente do bem divino, monolítico e necessário, é radicalmente
frágil e delicado, mas que
integra essencialmente a busca da felicidade por parte do homem16; por mais contingente que seja em relação à sua forma, é inevitável o conflito entre os múltiplos valores que, com forças desiguais, atraem o ho- mem, e existem numerosos
elementos da personalidade ou do caráter humano que não estão submetidos a uma deliberação prévia (boulesis) ou
a uma escolha racional (proairesis)... Ora, admitindo
que esta fragilidade ou vulnerabilidade – a
abertura ao risco e à incerteza, à paixão e ao
sofrimento – define radicalmente a condição humana, a insensibilidade diante da dor pessoal ou alheia implicaria
mutatis mutandis perder a possibilidade de, enquanto humanos,
sermos felizes.
3. Platão e Aristóteles
O exame comparativo das éticas de Platão e de Aristóteles sob o aspecto da célebre
questão do Bem poderá
levantar alguns problemas de grande relevância. Ambos os autores se distanciam quando determinam
o significado ético do Bem. Em Platão,
o conhecimento do bem
permite ao filósofo julgar o que é o bem nos seres humanos e na totalidade do Universo. Antes de apresentar
os fundamentos de sua ética nos livros centrais da República, Platão já os prepara nos diálogos primitivos
quando concebe a felicidade como fim último da ação
moral e o agathon como conceito universal: a felicidade
depende da ciência do bem e do mal (to agathon kai kakon) em
todas as coisas. O objeto desta ciência (episteme) é universal: o eu prattein da
moral é algo de incomensurável com o eu prattein da ação técnica
(techne). Assim, por
exemplo, no Cármides, chegou-
se à
conclusão de que a ciência que nos pode proporcionar a felicidade não é uma ciência da mesma categoria
que a dos arquitetos ou sapateiros.
Esta ciên- cia “real” ou “política”
não é um objeto tão definido:
no Cármides dizia-se que este objeto é simplesmente fazer o bem e o mal (174 b)17. No Eutidemo diz-se que é “tornar
os homens sábios
e bons” (292 b).
A preocupação socrática com o estabelecimento de uma techne da ação
humana18 como tal induziu Platão a criar uma epistemologia e uma metafísica: assim como a medicina
abre o caminho para a fisiologia e a pressupõe como condição essencial, da mesma forma a ética pressupõe
em sua teleologia uma concepção ontológica. A superação do paradigma técnico
(Craft-analogy)19 e-
merge no Górgias (464 c-465 a)20 com a racionalização ou sublimação do con-
ceito de techne e, especialmente, no Ménon com uma estrutura mental
centrada no conhecimento das matemáticas21. Sob o influxo analógico
do bem técnico
4 - Ética e “Felicidade” em Platão
e Aristóteles: semelhanças, tensões e convergências
(superado enquanto paradigma
para a moral especialmente a partir do Ménon),
fim objetivado de um processo teleológico concreto, chega-se nas obras da
maturidade (cf. República) à objetivação do Sumo Bem como objeto absoluto
e necessário do processo teleológico universal do ser. Em suma: Platão reivindica, em sua doutrina sobre a Idéia do Bem, uma pretensão
ontológica universal como fim último e princípio primeiro
das razões do agir.
Em seus tratados
de ética, Aristóteles critica Platão por sua interpretação
ontológica universal da doutrina sobre a Idéia do Bem e a integração,
nesta sistematização metafísica, do problema da arete em geral22. Aristóteles propôs uma concepção
pluralista e deu ao conceito
de bem uma estrutura analógica,
sem, porém, perder de vista a hierarquia
dos bens estabelecida de acordo com
as exigência da natureza racional
da praxis. Conseqüentemente, a questão so- crática da virtude seria incompatível com a questão
universal do agathon
que visa a dialética
platônica. Desta problemática surgem inevitavelmente
alguns questionamentos importantes:
Como entender
o interesse de Platão pelo mundo da geração e
corrup- ção, da falibilidade e da mutabilidade nos últimos
diálogos? O retorno aos temas da filosofia
socrática teria como causa a “crise metafísica” surgida com o Parmênides 128 e-130 a? Se a doutrina da “justa medida”
do Politico representa o reconhecimento do ser limitado
na ordem dos valores, como paralelamente
no Sofista admitiu a existência do não-ser para avançar o discurso, um exame do sentido “ético”
dos últimos diálogos
não contribuiria para ver em Platão um homem que esboça
um outro modo de filosofar – ao qual o diálogo se verifica
cada vez menos apropriado -, um modo que parte de problemas concretos, que leva em conta o trabalho
de terceiros? Ora, este procedimento se assemelha
incontestavelmente ao de Aristóteles.
A impostação mais realista da ética aristotélica não se assemelharia ao in- teresse pelo “bem humano”
dos
últimos diálogos de Platão, nos quais o autor impôs uma socialização ou “politização” à ética socrática
individualista e introduziu o tema da justa medida ou proporção, to metrion? Já não se espera, como pre- tendia Sócrates, que cada indivíduo
particular tenha autêntica ciência do bem ou da medida; basta que a tenha o político que há de governar
os
demais. O objeto da arte ou técnica política
são as artes “concernentes à justa medida, ao conveniente, ao oportuno, ao devido, e tudo o que se estabelece
como um termo médio (to meson) entre dois extremos.
Ora,
esta doutrina platônica
sobre a “justa medi- da”
é o embrião de toda a ética aristotélica, e Platão reiteradamente insiste na idéia de que a verdadeira felicidade dependerá da devida subordinação
e harmonia entre as três classes de bens: bens da alma, bens do corpo e bens inferiores.
Enfim, se ambas as reflexões
coincidem em uma abordagem
ética mais descritiva e “empirista”
sobre o bem humano, e levando em conta o verdadeiro
drama vital do homem que experimenta
sentimentos e paixões em constante
conflito, não poderíamos aceitar que a ética de Platão e Aristóteles consistiria no
conhecimento e na compreensão das condições limitativas da ação humana na
busca da felicidade? A filosofia
moral, neste sentido, consistiria igualmente não só em reconhecer – na ambigüidade das ações humanas
– a sua profundidade e complexidade, mas também em responder
às suas condições limitativas pela transformação em condições de possibilidade
de atingir uma vida consumada
em sua maturidade e florescimento na virtude?
Referências
1 – Platão, Teeteto, 176a
2 Cf. T. IRWIN, Plato’s
Ethics. Oxford,1995, 3-4. Uma vez que Platão julga que o conheci-
mento só é possível se postulamos as Idéias
para
prover a base do conhecimento, sua resposta à questão epistemológica exige uma resposta às questões metafísicas
sobre as Idéias. Supondo os elementos essenciais sobre
a Teoria das Idéias, remeto às discussões críticas do volume de T. IRWIN (ed.) Classical Philosophy 4: Plato’s Metaphysics and Epistemology. New York-London,1995,
173-302.
3 Por exemplo, a relação com as ações humanas
ditas virtuosas a partir da noção de
prazer no Filebo: Sócrates propõe atingir a verdade naquilo que diz respeito
a assegurar aos homens a vida feliz (cf. Filebo 11d). Cf. também COSENZA, P. (ed.) Il Filebo di Plato- ne
e la sua fortuna. Napoli, 1996.
4 Cf., por exemplo, a analogia entre o ethos e
a ordem universal no Górgias (507 e-508 a) de Platão.
5 Cf. a obra clássica de H. KRÄMER, Arete bei Platon und A
6 Tenho em vista fundamentalmente os seguintes
diálogos: o Político, o
Filebo, o
Timeu e as Leis. Entre os estudos mais significativos sobre a ética platônica (cf. T. IRWIN, Plato’s Moral Theory. The Early and Middle Dialogues.Oxford,1977 (cf. também nota anterior); G. VLASTOS, Socrates: Ironist
and Moral Philosopher. Cambridge,1991; T. IRWIN [ed.] Clas-
sical Philosophy 3:
Plato’s Ethics. New York-London,1995; J. ANNAS, Platonic Ethics, Old and New. Ithaca-London, 1999), não
tem merecido a devida atenção
o sentido “ético” dos diálogos tardios. Daí
a importância de examinar
como se configura a chamada ética “em- pirista” ou descritiva de Platão
em sua última fase de
produção literária.
7 Cf. PLATÃO, República 504 a-505 b; 507 a-509 c. A propósito dessas duas passagens
emblemáticas sobre a Idéia do Bem, cf. M. VEGETTI,
L’Idea del Bene nella Repubblica di
Platone, Discipline Filosofiche 1
(1993) 207-230; R. FERBER, Platos Idee des Guten.Sankt
Augustin,1989, 49-148.
8 Cf. J. ANNAS, Platon, em BRUNSCHWIG, J. & LLOYD, G. (ed.) Le savoir grec. Dictionnaire critique.Paris,1996, 742.
9 É este o enfoque mais realista que dá origem às Leis: IX, 874 e; 713 e; 853 d; 897 d;955 d.
10 Em Platão, as noções de “medida” (metrion) e de “meio-termo” (mesotes) estabelecem a hierarquia das artes (technai) ou dos saberes práticos, que têm por objeto
a própria praxis, hierarquia que culmina na “arte política” (cf. Górgias 521 d). Diferentemente de
Aristóteles, a concepção da techne normativa das ações, para Platão, está ligada estrutu- ralmente
à Teoria das Idéias.
10 Em Platão, as noções de “medida” (metrion) e de “meio-termo” (mesotes) estabelecem a hierarquia das artes (technai) ou dos saberes práticos, que têm por objeto
a própria praxis, hierarquia que culmina na “arte política” (cf. Górgias 521 d). Diferentemente de
Aristóteles, a concepção da techne normativa das ações, para Platão, está ligada estrutu- ralmente
à Teoria das Idéias.
10 Em Platão, as noções de “medida” (metrion) e de “meio-termo” (mesotes) estabelecem a hierarquia das artes (technai) ou dos saberes práticos, que têm por objeto
a própria praxis, hierarquia que culmina na “arte política” (cf. Górgias 521 d). Diferentemente de
Aristóteles, a concepção da techne normativa das ações, para Platão, está ligada estrutu- ralmente
à Teoria das Idéias.
11 Cf. Y. LAFRANCE,
Métrétique, mathématiques et dialectique en
Politique 283 c-285 c, em ROWE, C.J. (ed.) Reading the “Statesman”. Proceeding of the III Symposium Platoni-
cum.Sankt Augustin,1995, 90-94.
12 A título de exemplificação, entre as éticas do Corpus Aristotelicum (Ética a Nicômaco,
Ética a Eudemo e Magna Moralia), privilegio somente
a Ética a Nicômaco. Sobre a relação
desta com as demais éticas, cf. C. MAZZARELLI, Aristotele. Etica Nicomachea. Milano,
1998, 40-44;
P. DONINI, Aristotele. Etica Eudemia. Traduzione, Introduzione e Note. Roma-Bari,1999, V-XIV
13 ARISTÓTELES , Ética a Nicômaco I,7,
1098 a 16-18.
14 ARISTÓTELES, Ética a Nicômaco I,6,
1101 a 15-17.
15 Sobre a questão do “bem humano” em Aristóteles, cf. J.M. COOPER, Reason and Hu-
man
Good in Aristotle. Cambridge,1975; R. KRAUT, Aristotle on the Human Good. Prince- ton, 1989.
16 Para uma abordagem sobre a virtude e a felicidade a partir das perspectivas da vulne-
rabilidade e da contingência, cf. M. C. NUSSBAUM, The Fragility of Goodness. Cam- bridge,1988; N. SHERMAN,
The
Frabric
of
Character. Aristotle’s Theory of Vir-
tue.Oxford,1989.
17 Sobre
o Cármides, cf. M.’F. HAZEBROUCQ, La folie humaine et ses remèdes. Platon, “Charmide” ou “De la modération”. Paris, 1997.
18 Sobre a analogia técnica na ação moral, cf. D. ROOCHNIK, Of Art and Wisdom. Plato’s Understanding
of Techne. Pennsylvania, 1996
19 Cf. T. IRWIN, Plato’s Moral Theory..., 6-10 et passim; IDEM, Plato. Gorgias. Ox- ford,1979, 134-136.
20 Cf. G. REALE, Gorgia. Traduzione, Introduzione e Commento. Brescia,
1994, 73-75.
21 Cf. G. VLASTOS, Elenchus et
mathématiques: un tournant dans le développement phi- losophique de Platon, em CANTO-SPERBER,
M. (ed.) Les paradoxes de
la connaissance. Essais sur le Ménon de Platon. Paris,1991, 50-80 (retomado em G. VLASTOS,
Socrates. Ironist and Moral Philosopher, 107-131); cf. também I. MUELLER,
Mathematical Method and Philosophical Truth,
em KRAUT, R. (ed.) Plato.Cambridge,1997,
170-199.
22 A definição de arete na
República é modificada
em função da psicologia moral de Platão
que
põe em xeque o “intelectualismo socrático: o conhecimento do bem não fornece sempre por si só uma razão de ser virtuoso
e que é sempre
possível agir irracionalmente
ainda que voluntariamente. Se elementos não-cognitivos estão nas fontes da motivação do agir moral, então é
preciso reformular a noção de “excelência moral”: cada virtude, ou qualidade da alma, é definida como um forma de equilíbrio ótimo estabelecida entre
as avaliações, as emoções, as reações e os desejos próprios à cada parte da alma. Sobre a complexidade da tripartição da alma na República, cf.
os artigos programáticos de J.
M. COOPER, Plato’s Theory of Human Motivation e de M. WOODS, Plato’s
Division of the Soul, em IRWIN, T. (ed.) Classical Philosophy
3: Plato’s Ethics, 97-115.117-141, respecti- vamente. Cf. também S. CAMPESE,
Epithymia/epithymetikon, em VEGETTI,
M. (ed.) Pla-
tone. La Repubblica. Traduzione e commento 3: Livro IV.Napoli,1998, 245-286.
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Fonte: http://www.puc-rio.br/parcerias/sbp/pdf/3-jorge.pdf
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