Corria o ano de 2006 e, numa entrevista à Revista Portuguesa A Página da Educação, editada na cidade do Porto, afirmei que o pragmatismo eleitoral havia tomado conta de forças políticas alternativas no Brasil, sendo claro o esvaziamento do movimento sindical (isto está aqui: http://www.apagina.pt/?aba=7&cat=156&doc=11549&mid=2). Bom, o tempo passou, a entrevista ficou para trás, e até não me reconheço mais em alguns aspectos dela - de algum modo, diria aos meus alunos de Economia da Educação, sobretudo no que concerne à relação entre educação, emprego e desenvolvimento. Mas, a afirmativa a respeito do 'pragmatismo eleitoral' das forças da "contracorrente" mantém-se, e em grau ampliado. Com a divulgação, agora, da lista da chamada Operação Lava Jato, temos uma noção razoável das consequências que representou a adoção do referido pragmatismo - e isso depois da Ação Penal 470, o chamado Mensalão. Quem se ancora no conhecimento sócio-histórico, sabe que, de certa forma, o que está a se passar não chega a constituir surpresa. Porém, também de certo modo, não deixa de ser melancólico olhar históricos militantes de base (não membros das cúpulas - 'oligarquias', nos termos de Robert Michels), 'dando de ombros' e balançando a cabeça, diante do que está a acontecer. Bem, se serve de conforto, resta acostar-se a uma frase de Marx: "A situação desesperadora da época na qual vivo me enche de esperanças."
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