Abaixo, texto do Portal G1 repercutindo pesquisa realizada nos Estados Unidos sobre o mau uso das redes sociais. Redes sociais, sim, mas sem esquecer da 'sociabilidade real' (direta, presencial) e da boa companhia dos livros. Tem se especializado no assunto a profa. May-Ly Nguyen Steers, do Departamento de Psicologia da Universidade de Houston (EUA).
Fonte: Portal G1
A vida na metade de cima do
planeta está só começando, e tem muita coisa para ver. Mas, quando não está na
faculdade em Nova York, Cláudio Domingues vive no mundo que cabe no bolso.
“É rede social e troca de
mensagem, principalmente pra falar com a família e amigos que estão lá no Brasil”,
conta o estudante.
Cada descoberta da nova
experiência, claro, merece um registro.
“Tem gente que deve me achar
exibido nas redes sociais, mas tem gente que é meu amigo e gostaria de ver as
coisas que eu estou postando”, diz Claudio.
Em dez anos, as redes sociais arrebataram um terço do planeta. Hoje, são mais
de dois bilhões de contas - quase cem milhões só no Brasil. A gente passa quase
quatro horas por dia plugado, bem mais do que os americanos e do que a média
mundial. E o que as pessoas veem? Elas dizem que gostam de fotos e vídeos, de
saber da vida dos amigos e de dar risada.
Com o telefone na mão, Camila caça coisas interessantes para abastecer duas
contas: uma pessoal e outra da empresa, que organiza passeios pra brasileiros
em Nova York.
Ela dá dicas de restaurantes, lojas da moda, aquele barzinho mais descolado.
“Do mais pacato ao mais interessante, o que é a vida da Camila em Nova York. É
como todo mundo tivesse seu reality show”, brinca Camila Santos, consultora.
E assim, o dia-a-dia de Camila vai sendo curtido à distância. Um espetáculo
para mais de dois mil seguidores.
Camila: É legal você ver alguém comentando, ‘ah gostei disso’, ‘que roupa
bacana’, ‘que estilo legal’. Me sinto bem, acolhida.
A diferença de exposição é impressionante. Antes, a vida de cada um ficava
restrita às pessoas mais próximas - a família, os amigos, os vizinhos do
bairro. Hoje os espectadores podem ser o mundo inteiro. Mas quantos realmente
são seus amigos? Será que isso sempre traz mais felicidade?
Na maior rede social, cada usuário tem em média 350 seguidores. Lauren tem três
vezes mais. Fã de celebridades, ela passava até uma hora e meia por dia
conectada.
"Tem muita gente que te incentiva, você conhece pessoas que jamais
conheceria", conta Lauren.
Mas há dois meses, Lauren decidiu dar um tempo, porque começou a se sentir
triste.
"Muitas pessoas publicam coisas só pra parecerem bem. Usam as redes
sociais pra se promover. E aí você começa a se comparar. Eu passei a ficar
deprimida. Isso, sem falar que você fica sempre esperando uma curtida, que as
pessoas gostem de você", explica.
A modelo australiana Essena
O'neill apagou o perfil dela nas redes sociais justamente por isso. “Tudo que
fazia era editado para ter mais valor, mais seguidores, mais curtidas”, a
modelo disse em um vídeo. E foi mais longe: resolveu revelar o que estava por
trás de cada foto publicada.
No dia em que tirou uma das
fotos, ela diz que quase não comeu. Foram mais de cem cliques até ficar com a
barriga do jeito que queria. “Ter tudo nas mídias sociais não significa nada na
vida real”, afirma Essena.
Uma pesquisa com universitários,
publicada pela Associação Americana de Psicologia, constatou a possibilidade de
tristeza e depressão pelo mau uso das redes sociais.
Da pose perfeita para a
comida, àquele momento ‘eu sou mais eu’. “Tudo isso cria muita ansiedade”, diz
a psicóloga Carolyn Alroy.
"Nas redes sociais, é como se estivesse acontecendo sempre uma festa e
você não tivesse sido convidado. A gente nunca vê a história completa das
pessoas, só uma parte dela. Temos de ter a consciência que a vida de todo mundo
às vezes é divertida, e às vezes difícil", afirmou a psicóloga.
Ver só as vidas editadas é o preço da comodidade, de ter tantos amigos com um
clique. Os de verdade mesmo, o tempo diz quem são.
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