Por Luís Serguilha
(in Hangares do Vendavel)
O leitor reapanha as gárgulas do poema sem as procurar, povoando os ofícios do desastre da fala na linguagem arqueológica feita de ondulações de uma verdade irreal-quimérica ( atléticas multidões sobrecarregadas de cabalas): são rastros das entranhas, das encurvas, dos desabamentos, dos despenhadeiros, das irrupções fisiologicamente cosmogónicas; o leitor tenta penetrar nos seus estrumes perceptivos, nos trampolins acusticamente mutantes, interiorizando todos os anfiteatros matéricos noutros silêncios hieroglíficos: aqui, as palavras inomináveis, escondidas, corpóreas, concrecionadas, voláteis, entrevistas, serpenteadas,… reactivam o sono da ventilação, os vícios corpóreos, desquadrilham irradiações iónicas, fragmentam-se na boca hipnótica-fluídica do leitor e desobstroem as galgadas dissonantes do poema que rebenta magicamente por dentro, libertando a fala xamânica, transformando o pensamento numa hidrofobia arterial, numa trepidação-bacanal das benzedeiras que jamais se exprimirão porque vivem autofagicamente do alvoroço do real nupcial__sim__o leitor lança-se na esfoladura da palavra, apropriando-se inversamente do seu último grito__sim___ poema instaura-se na traqueia das anomalias onde as vozes aos tropeções batem nas consciências espasmódicas como mergulhadoras de órgãos inexistentes!
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