Preste bem atenção no vídeo aí abaixo. É uma raridade. Nele, temos um bom debate-duelo entre dois pesos-pesados do pensamento social: Michel de Foucault e Noam Chomsky. Ao redor, estudantes e não estudantes assistem absortos. As legendas não são das melhores. Mas há duas passagens na fala deles que são marcantes. Em Chamosky, o papel do intelectual: a) aprofundar-se no conhecimento para, com credibilidade, mostrar o que é a sociedade, "desnudá-la"; b) e, em função disso, perspectivar o futuro. Foucault: pondo em dúvida "o perspectivar o futuro", volta o foco para os chamados micropoderes por ele teorizados. Talvez daí derive o seu descompasso, como notou Poulantzas, por não considerar devidamente a dimensão do poder de Estado (e as suas implicações) como um poder codificado juridicamente. Conhecimento e debate. É a dinâmica de outro tipo de universidade. Buscar esse outro tipo de universidade foi uma das razões que me levaram a aceitar compor uma chapa à Reitoria da UFPB na última eleição. Contudo, o nosso programa não logrou êxito. Resta-nos então respeitar o resultado, recolher-nos e torcer para que a universidade caminhe bem. De toda forma, de modo geral, a impressão que se tem é que esse tipo de universidade aí refletida no vídeo está em descenso, passando a predominar a "universidade dos cargos", a "vida acadêmica fast food", a "produção improdutiva" - usando aqui uma expressão de Frigotto - para órgãos de fomento, as "espumas de palavras", etc. O perigo é que, como diz o próprio Foucault, muitas vezes, 'a linguagem mostra ocultando'. Esses tempos têm feito com que colegas que andam na contracorrente a eles se perguntem se não estamos perante o 'fim dos intelectuais acadêmicos' - é o que está no livro 'Fim dos Intelectuais Acadêmicos? Induções da CAPES e Desafios às Associações Científicas' (Campinas-SP, Editora Autores Associados), que tem, entre os seus autores, o colega Gilson Ricardo, da UERN. Ao vídeo, para persistirmos na senda de outro tipo de universidade.
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