domingo, 19 de março de 2017

A vida que esconde e que revela: entre ilusão e o engano da superficialidade

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'Enigmas' do mundo social na sociologia clássica: obra do
sociólogo britânico Anthony Giddens 

Há um significativo consenso em torno da compreensão que toma Marx, Durkheim e Weber como ‘três pais centrais’ da sociologia. Este é a perspectiva, por exemplo, do britânico Anthony Giddens.  Por sua vez, Ralf Dahrendorf utilizou a expressão sociedade do trabalho para descrever uma base comum entre esses três pensadores, no que pode ser tomado também como um indicativo de dispositivo que evidencia a necessidade  de estabilidade/permanência tanto nas relações sociais como nas histórias individuais, na medida em que o trabalho é concebido como fator de integração e como elemento estruturador das vidas individuais, delineando identidades e biografias.  Ou seja, passando da reflexão lógica para a ontológica, trata-se de entender que a vida requer constância, o que, por vezes, a ‘ilusão do movimento’ não permite ver; assim como o enviesamento em torno da ideia de liberdade, ao fim e ao cabo, pode levar à destruição do próprio princípio de liberdade. E, diferente do que algumas interpretações infundadas sustentam, isso não encontra abrigo no existencialismo sartreano.  Nunca é demais lembrar, voltando às lições da Antiguidade Clássica, que seres vocacionados para a liberdade também o são para a (auto)destruição, em decorrência das suas próprias ações. Da ausência de parâmetros de constância, podem decorrer as dúvidas sobre ‘o que fazer com a liberdade’, advindo comportamentos que vão do desatino e da instabilidade de posições/ações à queda no vazio existencial.
Pois bem, se há em Marx, Durkheim e Weber um fio que, do ponto de vista da integralização da sociabilidade, permite um desdobramento analítico comum, o mesmo não poderá ser dito no que se refere à economia. Aqui, contudo, temos uma cisão que divide até mesmo intérpretes da teoria social de Marx, designadamente de obras como O Capital. Como resultado dessa cisão, temos, por exemplo, o que se pode chamar de o ‘engano da superficialidade’; dentre outras coisas, separando nível teórico e processo histórico, assim como confundindo a base científica do legado marxiano  com “puro empirismo”. Em oposição a esse tipo de interpretação e em divergência direta e aberta em debate com alguns interlocutores, escrevei um pequeno texto que pode ser lido aqui: