'Enigmas' do mundo social na sociologia clássica: obra do sociólogo britânico Anthony Giddens |
Há um significativo consenso em torno da
compreensão que toma Marx, Durkheim e Weber como ‘três pais centrais’ da
sociologia. Este é a perspectiva, por exemplo, do britânico Anthony Giddens.
Por sua vez, Ralf Dahrendorf utilizou a expressão sociedade do trabalho para
descrever uma base comum entre esses três pensadores, no que pode ser tomado
também como um indicativo de dispositivo que evidencia a necessidade de
estabilidade/permanência tanto nas relações sociais como nas histórias
individuais, na medida em que o trabalho é concebido como fator de integração e
como elemento estruturador das vidas individuais, delineando identidades e
biografias. Ou seja, passando da reflexão lógica para a ontológica,
trata-se de entender que a vida requer constância, o que, por vezes, a ‘ilusão
do movimento’ não permite ver; assim como o enviesamento em torno da ideia de
liberdade, ao fim e ao cabo, pode levar à destruição do próprio princípio de
liberdade. E, diferente do que algumas interpretações infundadas sustentam,
isso não encontra abrigo no existencialismo sartreano. Nunca é
demais lembrar, voltando às lições da Antiguidade Clássica, que seres
vocacionados para a liberdade também o são para a (auto)destruição, em
decorrência das suas próprias ações. Da ausência de parâmetros de constância,
podem decorrer as dúvidas sobre ‘o que fazer com a liberdade’, advindo
comportamentos que vão do desatino e da instabilidade de posições/ações à queda
no vazio existencial.
Pois bem, se há em Marx, Durkheim e Weber um fio
que, do ponto de vista da integralização da sociabilidade, permite um
desdobramento analítico comum, o mesmo não poderá ser dito no que se refere à
economia. Aqui, contudo, temos uma cisão que divide até mesmo intérpretes da
teoria social de Marx, designadamente de obras como O Capital. Como
resultado dessa cisão, temos, por exemplo, o que se pode chamar de o ‘engano da
superficialidade’; dentre outras coisas, separando nível teórico e processo
histórico, assim como confundindo a base científica do legado marxiano
com “puro empirismo”. Em oposição a esse tipo de interpretação e em
divergência direta e aberta em debate com alguns interlocutores, escrevei um
pequeno texto que pode ser lido aqui: