Mais do que produzir
‘relações líquidas’, a incompreensão em torno da sociedade conexionista pode
liquidar identidades. A identidade pessoal é uma das coisas mais preciosas que
se tem. A perda de identidade é sinônimo de desencontro existencial, sofrimento,
angústia e infelicidade. A alienação da padronização de comportamentos
massificados alimenta-se da liquidação de identidades individuais. As
identidades são abertas à reconstrução, mas a ‘alienação padronizada’ liquida a
autonomia individual quanto ao modo de gerir a vida. Assim, lembrando Fernando
Pessoa, pode-se dizer que se ‘imagina o que se é, mas não se encontra a si
próprio’. Esse efeito também pode vir da ‘ilusão do movimento’ que a
precipitação induz, com o seu desprezo pelos necessários quadros de referência que
o conforto e a estabilidade ontológica requerem. Escrevi sobre temas assim e
assemelhados no periódico francês Je ne suis pás d’accord. O artigo integral pode ser lido aqui: https://jenesuispasdaccord.org/2017/03/07/billet-des-relations-complexes-entre-societe-individu-et-flexibilite/