Diante do volume de
congratulações que me foram dirigidas, a propósito do Dia do Professor, sinto-me
no dever de manifestar um agradecimento geral. Algumas mensagens provavelmente com um
excesso de generosidade; outras acompanhadas com a surpresa de fotografias das quais
já não se lembra e do momento que elas registram, afinal, neste mundo da Era da Reprodutividade Técnica, socorrendo-me aqui de Benjamin, a
imagem tornou-se de fato efêmera. E a
superexposição chega até mesmo a substituir a essência das relações, o sentimento
que deve ficar guardado só com o par
que o sente.
Da rígida e conservadora
educação doméstica, as perspectivas que
me eram vislumbradas para o futuro eram outras. Era do que cuidava a fibra
materna da socialização primária. A
terra e a natureza dizem muitas coisas, e é preciso com elas saber lidar. Arte
de “fazer engenhos”, engenharias. Mas, como bem lembra Guimarães Rosa, ‘o
correr da vida embrulha tudo’. Flerte
com Direito, tomando conhecimento
interessado com o que dizia o resistente mestre Luiz Pinto Ferreira em Caruaru.
Piscada para jornalismo, no entusiasmo dos primeiros escritos para publicações
alternativas, e no curso da leitura do
texto de Clóvis Rossi sobre o que é
jornalismo. Mas ter os albores juvenis em tempos de falta de liberdade, em
que para se dizer o que se é, precisa-se ser quem não é, muda as coisas. Do encadeamento do contato com um camarada
chamado Leont , muitos fatos. Versos de Ruy Belo na cabeça sobre o ‘rosto sofrido
da Nicarágua’, e o desejo frustrado de lá ir alfabetizar pessoas. Mudar o mudo é
coisa difícil, no mais das vezes ele é quem nos muda; mas, mesmo assim, não custa tentar.
Sobretudo quando, na leitura de um livro, se encontra uma espécie de axioma
segundo o qual só ‘se reconhece uma ciência, a ciência História.’ Daqui em diante já se é professor, ouvindo
Belchior: ‘ainda sou estudante da vida que eu quero dar.’
Como diz o cientista
político Carlos Melo, ‘a maior honra é antes ser percebido do que ser tido’. Ser Professor.
Vale a pena? O poeta já
respondeu. ‘Tudo vale a pena, se a alma não é pequena’. A pequenez de espírito
e o comportamento tosco é que nunca valem. Contudo, é preciso que se aprenda com as ‘penas’
do valer a pena. Obrigado! Bem hajam,
bem sejam!