Daqui a pouco, no próximo ano, viveremos as quatro décadas do desaparecimento de Enrique Pichon Rivière, o suíço-argentino que marcou época com estudos que, ao fim e ao cabo, relacionam sociedade, psiquiatria e psicanálise. No conjunto de sua obra, sem dúvida, um lugar central é ocupado pelas pesquisas sobre 'as vinculações', isto é, a questão das relações, da interação social, da estabilidade e do estabelecimento de vínculo. No final das contas, esta é uma esfera da microssociologia. Aí abaixo, uma breve recensão da sua teoria do vínculo.
Por Graça Medeiros
Ao elaborar a teoria do vínculo, Pichon a diferencia da teoria das relações de objeto concebida pela Psicanálise (que descreve as possíveis
relações de um sujeito com o objeto sem levar em conta a volta do objeto sobre o
sujeito, isto é, uma relação linear), propondo, então, o estudo da relação como uma espiral
dialética onde tanto o sujeito como o objeto se realimentam mutuamente.
A teoria do vínculo considera o indivíduo como
resultante do interjogo entre o sujeito e os objetos internos e externos, em relação de
interação dialética, que se expressa através de certas condutas. O vínculo é
concebido como uma estrutura dinâmica, que engloba tanto o sujeito quanto o objeto, tendo esta estrutura características consideradas normais e alterações
interpretadas como patológicas.
O vínculo configura uma estrutura dinâmica em contínuo movimento, acionada por motivações psicológicas, cujo resultado é determinada conduta que tende a se repetir tanto na relação interna quanto
externa com o objeto. É o vínculo interno que condiciona muitos dos aspectos
externos e visíveis da conduta do sujeito. Os vínculos internos e externos se integram.
Existem três dimensões de
investigação, que se integram sucessivamente – a investigação
do indivíduo, a do grupo e a da instituição ou sociedade, permitindo
três tipos de análise: a psicossocial (parte do indivíduo para fora),a
sociodinâmica (analisa o grupo como estrutura) e a institucional (toma todo um
grupo, instituição ou país como objeto de investigação). As
alterações do vínculo chamado patológico podem ser assim caracterizadas: O vínculo paranóico caracteriza-se pela
desconfiança; o depressivo pela carga
de culpa e expiação; o hipocondríaco é
estabelecido por meio do corpo, da saúde e da queixa; o vínculo histérico é baseado na representação, caracterizado
pela plasticidade e dramaticidade (o paciente está representando alguma coisa
com a sintomatologia).
Por meio
de um estudo psicossocial, sociodinâmico e institucional, podemos abordar os
motivos ou causas referentes à estabilidade e relações.
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Fonte: https://pt.scribd.com/doc/103293430/Teoria-do-Vinculo.