quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Relações, vínculo e estabilidade

Daqui a pouco, no próximo ano, viveremos as quatro décadas do desaparecimento de Enrique Pichon Rivière, o suíço-argentino  que marcou época com estudos que, ao fim e ao cabo, relacionam sociedade, psiquiatria e psicanálise. No conjunto de sua obra, sem dúvida, um lugar central é ocupado pelas pesquisas sobre 'as vinculações', isto é, a questão das relações, da interação social, da estabilidade e do estabelecimento de vínculo. No final das contas, esta é uma esfera da microssociologia. Aí abaixo, uma breve recensão da sua teoria do vínculo. 

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Por Graça Medeiros

Ao elaborar a teoria do vínculo, Pichon a diferencia da teoria das relações de objeto concebida pela Psicanálise (que descreve as possíveis relações de um sujeito com o objeto sem levar em conta a volta do objeto sobre o sujeito, isto é, uma relação linear), propondo, então, o estudo da relação como uma espiral dialética onde tanto o sujeito como o objeto se realimentam mutuamente.
A teoria do vínculo considera o indivíduo como resultante do interjogo entre o sujeito e os objetos internos e externos, em relação de interação dialética, que se expressa através de certas condutas. O vínculo é concebido como uma estrutura dinâmica, que engloba tanto o sujeito quanto o objeto, tendo esta estrutura características consideradas normais e alterações interpretadas como patológicas.
O vínculo configura uma estrutura dinâmica em contínuo movimento, acionada por motivações psicológicas, cujo resultado é determinada conduta que tende a se repetir tanto na relação interna quanto externa com o objeto. É o vínculo interno que condiciona muitos dos aspectos externos e visíveis da conduta do sujeito. Os vínculos internos e externos se integram.
Existem três dimensões de investigação, que se integram sucessivamente – a investigação do indivíduo, a do grupo e a da instituição ou sociedade, permitindo três tipos de análise: a psicossocial (parte do indivíduo para fora),a sociodinâmica (analisa o grupo como estrutura) e a institucional (toma todo um grupo, instituição ou país como objeto de investigação). As alterações do vínculo chamado patológico podem ser assim caracterizadas:  O vínculo paranóico caracteriza-se pela desconfiança; o depressivo pela carga de culpa e expiação; o hipocondríaco é estabelecido por meio do corpo, da saúde e da queixa; o vínculo histérico é baseado na representação, caracterizado pela plasticidade e dramaticidade (o paciente está representando alguma coisa com a sintomatologia).
Por meio de um estudo psicossocial, sociodinâmico e   institucional,  podemos abordar os motivos ou causas referentes à estabilidade e relações.

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Fonte: https://pt.scribd.com/doc/103293430/Teoria-do-Vinculo.