quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Ensaio sobre a Experiência da Morte


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Viveu apenas quatro décadas, mas deixou uma contribuição significativa para a humanidade. Paul Ludwig Landsberg foi professor de filosofia em Bonn, Alemanha, e compartilhou do ciclo de amizade de Max Horkheimer, tendo mantido uma colaboração regular com a Escola de Frankfurt. Deixou o seu país pouco antes de Hitler chegar ao poder (era filho de judeus), exilando-se na Espanha, de onde saiu novamente exilado para a França, em decorrência da Guerra Civil Espanhola. Com a ocupação nazista da França, negou-se a um terceiro exílio para os Estados Unidos. Passou à clandestinidade, vivendo com nomes falsos. Preso pela Gestapo, foi deportado para um campo de concentração, onde morreu. Vida atribulada, espírito inquieto. A morte pairando os seus passos. Dedicou-se à pesquisa sobre ela, estudando inclusive a vida e obra de santos cristãos (como Agostinho de Hipona), assim como de místicos e Pascal. Sobre a vida clandestina de Landsberg, Jean Lacroix, que o escondeu em território francês, escreveu o seguinte: "Abordamos frequentemente o problema da morte voluntária. Ele me revelou que levava consigo uma dose de veneno que usaria se fosse localizado pela Gestapo. (...) Creio que modificou essa intenção no verão de 1942. O que é certo é que se desfez do veneno. Quando foi preso, aceitou plenamente que não dispunha de sua vida. O problema moral do suicídio deve ter sido escrito em meados de 1942. Landsberg me enviou o texto um pouco depois, no início do outono. Eu o escondi e o publiquei na revista Esprit depois da guerra, em dezembro de 1946, junto com Ensaio sobre a Experiência da Morte, que ele já havia terminado. Creio que podemos considerá-los o seu testamento espiritual e intelectual." Do punho do próprio Landsberg temos o seguinte: Se o homem é o único ser vivo que sabe que vai morrer, convém lembrar que os animais também têm algum pressentimento da morte, quando ela os ameaça com a presença imediata. Deitam-se à espera da morte, atitude calma e digna que misantropos preferiram à de muitos homens. Mas esse tipo de pressentimento, essa percepção do imediato, não é propriamente um saber. Mesmo que pudesse se transformar em um saber correspondente, ainda não seria um saber da necessidade da morte. O animal não saberia, por exemplo, que a morte do indivíduo pertence à essência da vida e da espécie. A compreensão do vínculo entre nascimento e morte, da necessidade biológica de o indivíduo desaparecer em favor da espécie e da espécie desaparecer em favor da realização da vida em formas sempre novas, essa compreensão, sem dúvida, está reservada apenas ao homem." Pois bem, o público brasileiro tem agora a oportunidade de adentrar no universo da obra de Paul Ludwig Landsberg sobre esse, com a publicação pela Editora Contraponto do livro Ensaio sobre a Experiência da Morte e Outros Ensaios

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