Há modos vários de observar uma cidade. Mas, provavelmente, seja do alto que se capta o seu tempo e o resumo de vidas que nela tiveram e têm lugar - com quem observa, simultaneamente, olhando para dentro de si, para o mundo pretérito e presente que está no seu cerne. O alto pode ser uma laje, um mirante, um arredor elevado; pouco importa, em graus diferenciados, observações externas cruzam-se com sentimentos internos que podem produzir insights existenciais na deambulação da marcha temporal. O equilíbrio pessoal é algo como um movimento sobre um mesmo ponto. Observar a cidade, observar-se. O tempo que existe no não haver. Mas isto já é assunto para o fado de Helder Moutinho, aí abaixo: 'venho de um tempo onde o tempo não havia'; 'E a tarde, antes de ser, nunca tardava'; 'Não entendi de uma só vez o entendimento'; 'A nossa morte é muito mais que o sofrimento'; 'Venho de um tempo, onde o tempo não havia?'