“Este livro pertence aos
homens mais raros. É possível que se encontrem entre aqueles que compreendem o
meu ‘Zaratustra’: como eu poderia misturar-me àqueles aos quais se presta
ouvidos atualmente? — Somente os dias vindouros me pertencem. Alguns homens
nascem póstumos.
As condições sob as quais sou compreendido,
sob as quais sou necessariamente compreendido — conheço-as muito bem. Para
suportar minha seriedade, minha paixão, é necessário possuir uma integridade
intelectual levada aos limites extremos. Estar acostumado a viver no cimo das
montanhas — e ver a imundície política abaixo de si. Ter se tornado
indiferente; nunca perguntar se a verdade será útil ou prejudicial... Possuir
uma inclinação — nascida da força — para questões que ninguém possui coragem de
enfrentar; ousadia para o proibido; predestinação para o labirinto. Uma
experiência de sete solidões. Ouvidos novos para música nova. Olhos novos para
o mais distante. Uma consciência nova para verdades que até agora permaneceram
mudas. E um desejo de economia em grande estilo — acumular sua força, seu
entusiasmo... Auto-reverência, amor-próprio, absoluta liberdade para consigo.”
(Friedrich Nietzsche)