Para que tem servido mesmo o Acordo Ortográfico? Resultado da decisão de alguns poucos, sob interesses não claramente revelados, o Acordo, à partida, pisoteou a base antropológica do mundo de expressão portuguesa: pretendeu unificar pela burocracia o que é próprio da cultura diferenciar, isto é, os modos distintos de os povos se relacionarem com a linguagem. De resto, o Acordo Ortográfico tem servido, e muito, para espalhar confusão: em Portugal, segmentos continuam com o grafo do 'português antigo', outros com o novo; no Brasil, a mesma coisa. E nos demais países de língua oficial portuguesa, a situação é semelhante. Como resultado, por vezes, mesmo quando se tem uma preocupação forte com a correção da língua, pode-se cair em algum equívoco - sobretudo quem, por força das circunstâncias, transitava no português luso 'antigo' e no brasileiro. Confusão, desastre linguístico, como advertia o escritor Vasco Graça Moura. Partiu "profetizando" o que ocorreria. Acertou. Vale a pena uma 'vista de olhos' no seu livro a esse respeito - 'Acordo Ortográfico: A Perspectiva do Desastre'.