segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

O que resta do depois




Por Ruy Bello (Missa de Aniversário) 

Há um ano que os teus gestos andam 
ausentes da nossa freguesia 
Tu que eras destes campos onde de novo a seara amadurece donde és hoje? Que nome novo tens? Haverá mais singular fim de semana do que um sábado assim que nunca mais tem fim? Que ocupação é agora a tua que tens todo o tempo livre à tua frente? Que passos te levarão atrás do arrulhar da pomba em nossos céus? Que te acontece que não mais fizeste anos embora a mesa posta continue à tua espera e lá fora na estrada as amoreiras tenham outra vez                                                                                                                                 florido? 

Era esta a voz dele assim é que falava dizem agora as giestas desta sua terra que o viram passar nos caminhos da infância junto ao primeiro voo das perdizes 
Já só na gravata te levamos morto àqueles caminhos onde deixaste a marca dos teus pés Apenas na gravata. A tua morte deixou de nos vestir completamente No verão em que partiste bem me lembro pensei coisas profundas É de novo verão. Cada vez tens menos lugar neste canto de nós donde anualmente te havemos piedosamente de desenterrar Até à morte da morte