terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

O dinheiro da educação e a hora da merenda

O jornalista Bernardo Mello Franco, da Folha de São Paulo, foi preciso, no artigo aí abaixo, ao tratar do atual escândalo de corrução no governo de São Paulo envolvendo desvio de recursos da merenda escolar. 



Por Bernardo Mello Franco 

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, quer concorrer à Presidência de novo em 2018. Ele se lançou informalmente no sábado (30), quando abandonou o estilo picolé de chuchu e fez um duro ataque ao pré-candidato da situação.
"O Lula é o Partido dos Trabalhadores. O Lula é o retrato do PT, partido envolvido em corrupção, sem compromisso com as questões de natureza ética, sem limites", acusou.
O tucano tenta surfar a onda da Lava Jato e se beneficiar das suspeitas que envolvem o possível adversário. É uma estratégia natural, mas vem em hora delicada. Enquanto Lula tenta explicar seus laços com empreiteiros, Alckmin enfrenta um escândalo graúdo em seu governo.
Há duas semanas, a Operação Alba Branca começou a desvendar um esquema de desvio de verba da merenda nas escolas paulistas. Um dos principais suspeitos é o tucano Duarte Nogueira, secretário estadual de Transportes, que se diz alvo de acusação "irresponsável e leviana".
Outro personagem do caso batia ponto no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. Luiz Roberto dos Santos, o Moita, era chefe de gabinete do tucano Edson Aparecido, chefe da Casa Civil de Alckmin. Fiel ao apelido, ele não apareceu para comentar as investigações.
O escândalo também envolve o deputado tucano Fernando Capez, presidente da Assembleia Legislativa. No ano passado, ele escreveu que a delação premiada era "um mal necessário" para "combater delitos graves". Agora é acusado por dois delatores de receber propina da máfia da merenda. Capez, que ganhou fama como promotor rápido para acusar, nega ligação com o caso e diz ser vítima de "menção irresponsável".
Na última quinta, Alckmin tentou empurrar o escândalo para o colo do governo federal. Com tantos aliados em apuros, ele deveria buscar um discurso mais convincente. É o que se espera de quem chama rivais de corruptos e sonha acordado com a Presidência da República.
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Fonte: Folha de São Paulo, versão para assinantes, edição do dia 02/02/2016. Título original: 'Hora da Merenda'. 


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