domingo, 28 de fevereiro de 2016

Borderline: a vida à beira de um vulcão



Por Ana Marcarini

A doença psíquica não é diferente das outras doenças. Ela é, apenas mais cruel, porque é invisível. Não há sinais físicos correlatos para quem sofre um transtorno de personalidade; não há febre; não há manchas espontâneas na pele; não há inchaços; nada que se possa ver num exame de raio x, ou mesmo numa sofisticada ressonância magnética. A doença psíquica é íntima apenas de quem convive com ela. E, mesmo assim, pode ser uma íntima desconhecida; dada sua natureza volátil e instável. Os transtornos de personalidade não têm nenhuma lógica que os possa explicar. E, aqueles que sofrem com essas doenças, ainda têm que lidar com um inimigo ainda mais implacável e cruel: o preconceito!
O Transtorno de Personalidade Borderline é caracterizado por um comportamento padrão regido por instabilidade nas relações interpessoais; autoimagem distorcida; dependência afetiva e excessiva impulsividade. Essa combinação explosiva mantém a pessoa numa condição mental perturbada, posto que ela pode ser acometida pelos sintomas de forma inesperada e violenta, transformando sua vida numa experiência caótica, intensa e dolorosa.
É na fase inicial da vida adulta que se observa maior ocorrência no surgimento do TPB. A denominação Transtorno de Personalidade Borderline foi usado pela primeira vez em 1884 e a partir disso, seu diagnóstico e tratamento passaram por várias modificações no decorrer dos anos. No início, enquadravam-se no termo pacientes cujo quadro oscilava entre a sanidade e a loucura, entre a neurose e a psicose; em função disso usou-se o termo “borderline”. O diagnóstico aparecia relacionado a sintomas neuróticos graves. A precisão no diagnóstico começou a se desenhar na década de 1980; antes disso, a maioria dos médicos tinha a crença de que a personalidade era algo definitivo, imutável; e, portanto não poderia ser objeto de observação e estudo para determinar qualquer tipo de doença.
São várias as causas envolvidas na instalação de um quadro de Transtorno de Personalidade Borderline: predisposição genética; experiências tráumáticas na infância ou adolescência; abuso; negligência; e, até fatores ambientais e sociais (guerras; acidentes causados por fenômenos naturais). É prevalente a ocorrência de TPB quando há parentes de 1º grau com esse transtorno. Famílias instáveis, formada por pais agressivos ou envolvidos em relações muito conflituosas e violentas são outro fator de desencadeamento de TPB. Crianças submetidas a uma educação excessivamente autoritária, com exigência completa de submissão e obediência, também podem desenvolver o transtorno, pois têm seu desenvolvimento cognitivo e emocional deformado por dúvidas profundas acerca de suas capacidades e excessivo sentimento de culpa e vergonha por seus fracassos, por mais naturais e típicos que sejam. No entanto, embora seja bem menos frequente, observa-se a ocorrência deste transtorno em indivíduos que não se enquadram em nenhum dos critérios previstos.
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Fonte: http://www.contioutra.com/

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