Por Ana
Marcarini
A
doença psíquica não é diferente das outras doenças. Ela é, apenas mais cruel,
porque é invisível. Não há sinais físicos correlatos para quem sofre um
transtorno de personalidade; não há febre; não há manchas espontâneas na pele;
não há inchaços; nada que se possa ver num exame de raio x, ou mesmo numa
sofisticada ressonância magnética. A doença psíquica é íntima apenas de quem
convive com ela. E, mesmo assim, pode ser uma íntima desconhecida; dada sua
natureza volátil e instável. Os transtornos de personalidade não têm nenhuma
lógica que os possa explicar. E, aqueles que sofrem com essas doenças, ainda
têm que lidar com um inimigo ainda mais implacável e cruel: o preconceito!
O
Transtorno de Personalidade Borderline é caracterizado por um comportamento padrão
regido por instabilidade nas relações interpessoais; autoimagem distorcida;
dependência afetiva e excessiva impulsividade. Essa combinação explosiva mantém
a pessoa numa condição mental perturbada, posto que ela pode ser acometida
pelos sintomas de forma inesperada e violenta, transformando sua vida numa
experiência caótica, intensa e dolorosa.
É
na fase inicial da vida adulta que se observa maior ocorrência no surgimento do
TPB. A denominação Transtorno de Personalidade Borderline foi usado pela primeira
vez em 1884 e a partir disso, seu diagnóstico e tratamento passaram por várias
modificações no decorrer dos anos. No início, enquadravam-se no termo pacientes
cujo quadro oscilava entre a sanidade e a loucura, entre a neurose e a psicose;
em função disso usou-se o termo “borderline”. O diagnóstico aparecia
relacionado a sintomas neuróticos graves. A precisão no diagnóstico começou a
se desenhar na década de 1980; antes disso, a maioria dos médicos tinha a
crença de que a personalidade era algo definitivo, imutável; e, portanto não
poderia ser objeto de observação e estudo para determinar qualquer tipo de
doença.
São
várias as causas envolvidas na instalação de um quadro de Transtorno de
Personalidade Borderline: predisposição genética; experiências tráumáticas na
infância ou adolescência; abuso; negligência; e, até fatores ambientais e
sociais (guerras; acidentes causados por fenômenos naturais). É prevalente a
ocorrência de TPB quando há parentes de 1º grau com esse transtorno. Famílias
instáveis, formada por pais agressivos ou envolvidos em relações muito
conflituosas e violentas são outro fator de desencadeamento de TPB. Crianças
submetidas a uma educação excessivamente autoritária, com exigência completa de
submissão e obediência, também podem desenvolver o transtorno, pois têm seu
desenvolvimento cognitivo e emocional deformado por dúvidas profundas acerca de
suas capacidades e excessivo sentimento de culpa e vergonha por seus fracassos,
por mais naturais e típicos que sejam. No entanto, embora seja bem menos
frequente, observa-se a ocorrência deste transtorno em indivíduos que não se
enquadram em nenhum dos critérios previstos.
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Fonte: http://www.contioutra.com/
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