Repisava Nicolau de Cusa considerações sobre a proporção entre 'a coisa conhecida', o 'que é', e o 'conhecimento dela' representado. Daí historiadores inferiram ilações a respeito de dimensões do tempo presente como dimensões que escapam, tempo que corre pelos dedos, vidas que se vão sumindo da vista. Verdades não percebidas. Do ponto de vista da percepção da existência individual e coletiva. Assim conclui-se que, exceto com a adotação de uma 'postura (auto)centrada', o tempo presente tende a ser, por um lado, um tempo de perdas e, por outro, de 'alienação da verdade'. Só sendo percebido depois, quando 'a Coruja de Minerva levantar voo ao entardecer', conforme o postulado hegeliano. Telescópio do tempo, tribunal da história. Pois bem, está na praça um filme que nos remete a esse "universo compreensivo": Altamira (Finding Altamira, no original: Encontrando Altamira). É dirigido pelo britânico Hugh Hudson. Trata do significativo valor que teve a descoberta de pinturas rupestres na Caverna de Altamira (em 1879), na Espanha, por uma perspicaz garotinha de apenas nove anos e por seu pai, destacando-se a incessante luta deste para demonstrar o valor científico da descoberta. Incompreendido, atacado pelo combustível dos preconceitos religiosos, em dados momentos, foi apenas na pequenina filha que encontrou suporte. Só após a sua morte a Coruja de Minerva alçou voo. Trata-se de um filme, de resto, para pais assistirem com os filhos, dado o seu valor educativo e a sua contribuição para a devida equalização da relação entre laicidade e religião. E para estimulá-los a se iniciarem na aventura do mundo do conhecimento. Aí abaixo, o trailer.