quarta-feira, 22 de junho de 2016

Silêncio romântico: entre o vazio e o ausente

Ou a metafísica do surrealismo de Giorigio de Chirico.


giorgio de chirico surrealismo pintura
L'enigma dell'ora
Por Rejane Borges 

O pintor greco-italiano nasceu em Vólos, Grécia, a 10 de Julho de 1888. Quando jovem estudou Artes em Atenas e Florença. Depois desse período mudou-se para a Alemanha, onde estudou filosofia e, no ano de 1917, fundou um movimento artístico chamado "Pintura Metafísica" com o pintor Carlos Carrà. Profundamente entusiasmado por tal tema, Chirico pinta sua primeira e famosa série, 'Praças de cidades metafísicas'' - "Melancolia Outonal " e "O Enigma do Oráculo".
A sua particular forma de ver e entender o mundo foi fortemente influenciada por filósofos como Nietzsche e Arthur Schopenhauer, os quais impactaram diretamente sua arte metafísica, como se seus quadros fossem a expressão plástica dessas filosofias. Giorgio de Chirico foi tão enigmático quanto suas primeiras obras. Queria decifrar a essência do Homem, do Universo, as relações, os elementos. Seus quadros tentam dar significado ao abstrato e aos objetos dispostos ao silêncio e ao vazio, retirados de seus comuns cenários para relacionarem-se entre si no mundo absurdo do pintor. O estilo metafórico de Nietzsche foi absorvido por Chirico e, conseqüentemente, desafogado em suas obras, as quais parecem translações de seu espírito descomprometido com a realidade, quase livres associações.

giorgio de chirico surrealismo pintura
La nostalgia dell'infinito

Para além da filosofia, Chirico também foi muito inspirado pela poesia de Baudelaire, Rimbaud, Hugo, Apollinaire, Max Jacob, entre outros. Era um romântico, acima de tudo. Suas visões líricas eram tomadas por traços improváveis e anti-realistas, cheios, porém, de simbolismos. Todo este onirismo de seu primeiro período artístico abriu frestas à estética surrealista. Em 1925, participou de sua primeira exposição artística.

Características de sua pintura são os padrões arquitetônicos, elementos simbólicos, manequins, grandes espaços entre um elemento e outro, ou a exploração do vazio. Sua estrutura artística foi inovadora para a época e, como tinha uma linguagem própria, obrigava o observador a buscar informações para compreendê-la. Por isso ele tratou de escrever algumas notas e ensaios sobre sua produção metafísica.
Com forte inclinação ao academicismo, cada vez mais deixou de lado seu primeiro período artístico, dedicando-se com menos intensidade a uma pintura mais tradicional. Foi admirado e respeitado, experimentando êxito com sua arte, e influenciou o surrealismo e o dadaísmo.
De Chirico transportou à tela uma certa inquietude existencial que o marcou pessoalmente. Não aquela perturbação que nos míngua a sanidade, mas sim a perturbação que nos eleva o espírito criativo e curioso a ponto de encontrarmos outra realidade e nela vivermos. O pintor morreu em Roma, a 20 de novembro de 1978.

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Fonte: http://obviousmag.org/

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