"O amor é uma matéria do sentir, não do querer e não posso
amar porque o quero e, ainda menos, porque o devo (não posso ser constrangido a
amar); por conseguinte, um dever de amar é um absurdo. Mas a benevolência (amor
benevolentiae), como conduta, pode estar sujeita a uma lei do dever.
Entretanto, a benevolência altruísta para com os seres humanos é com frequência
(embora com muita impropriedade) também chamada de
amor.As pessoas chegam mesmo a falar de amor que é também um dever
para nós quando não se trata da felicidade do outro, mas da plena e livre
capitulação de todos os nossos fins a favor dos fins de um outro ser (mesmo um
ser sobrenatural).
Mas todo dever é uma coação, um constrangimento, mesmo se este é para ser auto-constrangimento de acordo com a lei.
O que é feito a partir do constrangimento, contudo, não é feito a partir do amor."
Mas todo dever é uma coação, um constrangimento, mesmo se este é para ser auto-constrangimento de acordo com a lei.
O que é feito a partir do constrangimento, contudo, não é feito a partir do amor."
A hermenêutica é um tanto 'complexa', mas, ao que parece, o fio que perpassa o texto é o de que o amor conecta-se à ideia de liberdade. É provável que isso tenha relação com outra tese de Kant, onde a noção de valor não se associa a uma doutrina moral "que nos ensina como sermos felizes, mas como nos tornarmos aptos à felicidade." Ou, poder-se-á dizer, aptos a momentos de felicidade.
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