Por Humberto Abdo
(Revista Galileu)
O registro mais antigo de um
sonho foi feito pelo rei sumério Dumuzi, cerca de 2,5 mil anos a.C.. O conselho
de sua irmã, que aparentemente entendia mais desse assunto, era que o rei se
escondesse. Em seu relato, ele escreveu: “Uma águia agarra o cordeiro do curral.
Um falcão pega um pardal em cima da cerca de cana… A taça se encontra ao seu
lado; Dumuzi não vive mais.”
Depois de tanto tempo, a humanidade parece
entender um pouco melhor a confusão dos sonhos, mas muitas teorias ainda nos
dividem e tentam explicar a origem dessa sequência de imagens e emoções que
passam pelas nossas mentes quando dormimos. Confira cinco possibilidades sobre
os mistérios do sonho:
Sonhos são profecias
Cerca de 500 anos a.C., a rainha Maya, mãe de Siddhartha
Gautama, alegou ter sonhado com um elefante branco ao seu lado,
prevendo que seu filho se tornaria o Buda. Para Kelly Bulkeley, autora de Big Dreams: The
Science of Dreaming and the Origins of Religion, esse tipo de
manifestação é um “enquadramento metafísico” feito para ajudar as pessoas a se
prepararem para acontecimentos futuros.
“Fazemos isso o tempo todo quando estamos acordados:
temos a capacidade de premeditar coisas simples, como ‘vai ficar muito frio no
inverno, então é melhor armazenar comida'”, argumentou Bulkeley em entrevista para o site Science of Us.
“Vejo a mente e o cérebro como um sistema que funciona 24 horas, com esse mesmo
tipo de pensamento preparatório durante o sono.”
Sonhos dizem o que fazer
No século 17, a vida de René Descartes mudou
drasticamente após uma série de sonhos que o indicaram a conclusões sobre leis
da matemática. Até mesmo Freud foi levado a
escrever a obra A Interpretação dos
Sonhos após ter um sonho na noite anterior ao funeral de seu
pai, em outubro de 1896.
Abraham Lincoln também foi um sonhador ativo: ele
declarou que teve sonhos vívidos nas noites anteriores a qualquer acontecimento
importante da guerra, como registrou um de seus colegas em seu diário. Uma vez,
Lincoln enviou um telégrafo a sua esposa, pedindo que deixasse as armas
distantes de seus filhos, após um sonho “perturbador”. E ele também teria
supostamente sonhado com um funeral na Casa Branca apenas
alguns dias antes de seu próprio assassinato.
Sonhos são
comunicados do inconsciente
Perto da virada do século XX, Sigmund Freud, o pai da
psicanálise, acreditava que sonhos fossem mensagens do inconsciente. “As interpretações
dos sonhos são a estrada real para entender as atividades do inconsciente”,
escreveu. O propósito dos sonhos, segundo ele, era realizar desejos reprimidos.
Carl Jung, seu discípulo e mais tarde
rival, assumiu uma perspectiva diferente:
sonhos são um caminho para as partes de si mesmo, além de sua consciência,
capazes de alertá-lo sobre qualquer coisa através de símbolos universais.
Sonhos são dados
Na década de 1950, com a descoberta da fase de sono
R.E.M. (rapid-eye movement,
ou movimento rápido dos olhos) pelos pesquisadores da Universidade de Chicago,
nos Estados Unidos, os sonhos começaram a ser finalmente desvendados com base
científica. Atualmente, exames cerebrais começaram a detectar os assuntos dos
sonhos ao treinar algoritmos de forma que possam reconhecer a atividade
cerebral das pessoas.
E “gravadores de sonhos” devem se tornar realidade em breve. O
pesquisador Bulkeley também lançou o Sleep and Dream Database, um banco de
dados com sonhos de 20 mil voluntários, algo que deve colaborar para pesquisas
futuras. Essas novidades demonstram, portanto, que os sonhos podem ser tratados
como um punhado de informações, ou dados.
Sonhos são suas memórias em
ação
Por mais de um século, pesquisadores têm estudado como o
sono pode promover a memória, especificamente a formação de memórias de longo
prazo. Agora neurocientistas descobriram que as imagens vistas nos sonhos são um produto
originado pelo processo de criação de memória.
Quando diversos “pedaços” de experiência se cruzam nos
sonhos, o resultado é pouco familiar. “Essa composição muitas vezes bizarra não
é ‘real’ porque se associa a várias memórias durante o sono R.E.M.”, explicou a
pesquisadora Sue Llewellyn, da Universidade de Manchester, em um artigo de 2013.
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Fonte: http://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2016/10/5-teorias-sobre-o-que-significam-os-sonhos.html