Não faz muito tempo, o conhecido ator argentino Ricardo Darin confessou a sua felicidade com a solidão (https://www.youtube.com/watch?v=TGvrhvlloGc), fazendo surgir reações diversas. Nalgumas dessas, em concordância com o ator, seguiram-se comentários que, de alguma forma, fizeram lembrar o romance 'Le Feu Follet', do francês Pierre Drieu. Livro antigo, mas que perpassa o tempo. Claro, o que temos aqui é uma questão ontológica. Dentre outras, duas ilações provavelmente podem ser destacadas: 1) a necessidade de privacidade, da companhia apenas de si próprio; 2) o entorpecedor que é a ideia de felicidade convencional, atualmente, sobretudo, uma ideia de "felicidade permanente", refletida na sociabilidade das redes sociais. O ponto da situação é: o direito de ficar só, o direito à existência individual, numa sociedade massificada, que encaixa todos nos mesmos padrões. E promove a anulação individual. Também dizendo de outro modo: felicidade como reduzida à 'dependência exogênea'. Exatamente por se ter uma sociedade massificada, talvez sejam poucos os que entendam essa perspectiva - as exceções (muitas das reações à entrevista de Darin demonstram isso). Pois bem, o livro de Drieu foi adaptado ao cinema com o filme 'Oslo, 31 de Agosto'. Adaptação é sempre adaptação, mas, de toda forma, não deixa de ser uma alternativa. Aí abaixo, um breve realce.