sexta-feira, 15 de julho de 2016

Desejos da Memória



Por Leont Etiel 

À beira do rio Ganges,
Ravi Sharma repetia as palavras dos seus:
‘a árvore não prova a doçura dos próprios frutos
o rio não bebe suas próprias ondas,
e as nuvens não despejam água sobre si mesmas.’
Parou, Ravi:
olhou novamente as águas do Ganges, voltando outra vez aos seus:
‘Que atitude tomaria um espírito forte diante da vida?’
Pensando assim se foi embora
Ficou a resposta imaginada
A memória, a presença da memória
A permanência do vivido que não atrofiou a vida, mas nutria-a
A memória, a recusa de esquecer
A memória sorrateira que chega de repente  
Que faz pensar, lembrar
Querer (re)viver
A memória que cruza os céus, mora no ar
para chegar sem informar
A memória é matéria dos historiadores
Mas os desejos da memória são como os frutos da árvore não presente
cantada pelos de Ravi Sharma à beira do Ganges

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