Por Leont Etiel 
À beira do rio Ganges,
Ravi Sharma repetia as
palavras dos seus: 
‘a árvore não prova a doçura
dos próprios frutos
o rio não bebe suas próprias
ondas,
e as nuvens não despejam
água sobre si mesmas.’
Parou, Ravi: 
olhou novamente as águas do
Ganges, voltando outra vez aos seus: 
‘Que atitude tomaria um
espírito forte diante da vida?’ 
Pensando assim se foi embora
Ficou a resposta imaginada 
A memória, a presença da memória
A permanência do vivido que
não atrofiou a vida, mas nutria-a 
A memória, a recusa de
esquecer 
A memória sorrateira que
chega de repente  
Que faz pensar, lembrar
Querer (re)viver 
A memória que cruza os céus,
mora no ar 
para chegar sem informar 
A memória é matéria dos
historiadores 
Mas os desejos da memória são
como os frutos da árvore não presente 
cantada pelos de Ravi
Sharma à beira do Ganges

 
 
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