Surpresos, alguns amigos dão-me a conhecer o conteúdo de uma carta da viúva de Paulo Freire ao presidente interino. Na missiva, a senhora reclama de uma alteração na biografia de Freire feita na Wikipedia. Contudo, esse não é o ponto da surpresa dos meus amigos, mas sim determinadas inferências que passagens da carta permite fazer. Fiamos a saber, por exemplo, que: 1) a obra de Paulo Freire tem uma 'sucessora legal'. Trata-se de algo um tanto inusitado, dado que nivela ideias a uma espécie de marca/mercadoria, o que, convenhamos, considerando-se a divulgação que se faz do pensamento de Freire ('um pensamento da libertação'), é uma contradição - inclina-se à lógica do mercado; 2) o estabelecimento de equivalência, no decorrer do texto, entre 'comunismo e fascismo' constitui uma situação bastante peculiar, e que, se certos 'freireanos' se ativerem mais à abordagem aprofundada dos conceitos (e menos a discursos propagandísticos), provavelmente quedar-se-ão entalados. Como diz o meu amigo Alder Júlio, há muito tempo abordagens de Paulo Freire tem servido de escada para o arrivismo - dentro e fora das universidades. De maneira que determinadas situações se repetem em escala, mas não deixam de surpreender.
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